Pix parcelado deve aumentar a concorrência com o cartão de crédito entre os consumidores jovens
Foto: André Luís Ferreira/Fotoarena/Estadão Conteúdo
O Pix, modelo de pagamento instantâneo que completou pouco mais de um ano desde seu lançamento em novembro de 2020, já foi utilizado por 50,6 milhões de pessoas e vêm adquirindo cada vez mais facilidades para o público e o mercado financeiro, como a última novidade divulgada: o parcelamento. O Pix parcelado, como ficou conhecido, funciona como uma linha de crédito para pessoas físicas similar ao cartão de crédito, porém o dinheiro é descontado diretamente na conta do contratante.
Com a ferramenta, os clientes poderão parcelar valores para pessoas físicas ou jurídicas em até 24 vezes, com juros que variam conforme o perfil do contratante. Contudo, ainda não é uma ferramenta oficial regulamentada pelo Banco Central, mas que pode ser adotada pelos bancos e fintechs, como já ocorreu com o Santander, Mercado Pago e Pic Pay. O Santander, por exemplo, lançou no mês de março a modalidade com disponibilidade de parcelar a partir de R$ 100, com taxas de juros a partir de 1,59% ao mês. Para contratar, é necessário ser correntista do Santander e fazer a transação pelo aplicativo.
A expectativa com a nova funcionalidade é que o Pix continue sendo um concorrente direto das outras formas de pagamento, principalmente do cartão de crédito. Segundo dados do Banco Central, a plataforma de pagamento instantâneo já superou, nos últimos três meses de 2021, o número de transações realizadas pelos cartões. As transações por meio do PIX somaram 3,89 bilhões, enquanto dos cartões foram 3,85 bilhões no débito (alta de 9%) e 3,73 bilhões no crédito (12%). “Esse número deve aumentar principalmente entre os jovens de 25 a 34 anos, que são os que mais têm utilizado o Pix parcelado desde seu lançamento, pela facilidade da ferramenta e a aversão aos cartões de crédito, que trazem altas taxas e dificuldades para lidar com juros rotativos”, explica Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks.
Já entre os mais velhos, o CEO acredita que o cartão de crédito não deve ser substituído. “Esse público costuma optar pela familiaridade e segurança, e leva mais em conta os vazamentos e golpes que ocorrem pelo Pix”, conta. Embora pareçam bastante similares à primeira vista, as operações do cartão de crédito e do Pix parcelado são diferentes, principalmente por causa da dinâmica de juros. “Ainda que exista o aumento de golpes financeiros e falhas operacionais, o Pix ainda é um método confiável. No entanto, é preciso se atentar quanto às taxas para conferir se o parcelamento compensa. Dependendo do valor, às vezes é melhor optar pelo desconto que muitos comércios oferecem pelo pagamento à vista no aplicativo”.
Independente da escolha do público entre manter apenas o cartão de crédito ou utilizar também o Pix parcelado, a nova funcionalidade pode ajudar a impulsionar novamente o e-commerce num momento de retorno das compras físicas. O crescimento do e-commerce e do Pix sobre o cartão de crédito deve ocorrer de forma ainda mais rápida quando o Banco Central seguir com a agenda de mudanças e instalar o novo modelo chamado Pix Garantido, que tem previsão para estrear no mercado brasileiro no segundo semestre do ano. O formato do produto ainda está em análise, mas se espera que os clientes dos bancos possam usar o Pix como modalidade de crédito em compras, sem a necessidade de um cartão físico, da intermediação por um emissor ou por uma bandeira. “Isso pode baratear a operação, pois os consumidores não estarão submetidos às altas taxas dos bancos e das fintechs”, finaliza Zanini.