O que nos faz humanos: a luta pela inclusão que ainda insiste em ser negligenciada
Esta semana, reencontrei um jovem que conheço desde a adolescência. Alguém cuja trajetória sempre me inspirou. Leonardo Viana: líder estudantil, presidente de um sindicato atuante, voz firme nas ruas e nas assembleias. Mas o que mais me impressiona, e sempre me impressionou, não é apenas o seu espírito de liderança — é a forma como ele transforma a adversidade em força. Ele é uma pessoa com deficiência física. E nunca permitiu que isso o definisse como “menor”, como tantos ainda insistem em fazer.
Em nossa conversa, ficou evidente o ponto que fez toda a diferença em sua caminhada: a família. Pais que nunca o limitaram, que o trataram com amor e igualdade, que o incentivaram a sonhar e a disputar o seu espaço como qualquer outro cidadão. Esse apoio, que deveria ser regra, infelizmente ainda é exceção num país onde o preconceito segue institucionalizado e naturalizado.
Segundo o IBGE, mais de 19 milhões de brasileiros declaram ter algum tipo de deficiência. Contudo, apenas 28% das pessoas com deficiência em idade de trabalhar estão ativas no mercado formal, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2023). E mesmo com a Lei Brasileira de Inclusão (13.146/2015), ainda assistimos a escolas negando matrícula, empresas driblando cotas e espaços públicos inacessíveis. Que vergonha ainda precisarmos brigar pelo óbvio: o direito de existir e participar plenamente.
Enquanto alguns se orgulham de sua “normalidade”, são esses mesmos que ergueram muros invisíveis diante do diferente. São os que reproduzem frases cruéis, os que julgam e marginalizam, como se a dignidade humana tivesse condição, cor ou formato. Quanta mesquinhez! Quanta ignorância travestida de indiferença! É repugnante perceber que, em pleno 2025, ainda haja quem acredite que inclusão é “favor” — quando, na verdade, é direito constitucional.
Mas, apesar da lama da hipocrisia social, há flores que insistem em crescer. Pessoas que resistem, famílias que não desistem, educadores que acreditam, movimentos que mobilizam. São essas mãos firmes que mantêm viva a chama da igualdade.
Que a história desse jovem e de tantos outros nos inspire a reagir. A incluir é reconhecer a humanidade no outro — e isso é o mínimo que se espera de uma sociedade que se diz civilizada. Que nossas vozes se unam às deles, não por pena, mas por justiça.
Porque o futuro que desejamos só existirá quando todos puderem caminhar lado a lado — sem exclusão, sem muros, sem exceções.
Júnior Patente
Júnior Patente, profissional de comunicação desde 1984 em Rádio, Jornal, TV, Assessoria de Comunicação e Internet, professor de Geografia. Pai atípico, tem como meta hoje trabalhar pela inclusão de Pessoas com Deficiência.Instagram: @junior_patente







