A era dos animes nos serviços de streaming

Os animes, ou animações produzidas no Japão, há muito deixaram de ser um gênero nichado da cultura pop. Com uma audiência que alcança níveis globais e eventos que marcam o calendário anual de diversas cidades, assistir à um anime não é mais algo que limitaria a pessoa a uma bolha social. Visualizando a constante crescente deste gênero, os serviços de streaming, que hoje são uma vitrine para as tendências audiovisuais, se apropriaram dos animes para preencher os catálogos.

Desde a estreia de Baki na Netflix, em 2018, o serviço de streaming registrou um avanço contínuo na demanda dos usuários por animes. O crescimento do público foi grande ao ponto que, em julho de 2025, a própria empresa afirmou que mais de 50% do seu público consome alguma obra relacionada. Esse número torna-se ainda mais expressivo na medida em que a Netflix não é uma plataforma especializada em animes, como por exemplo a Crunchyroll.

Hoje o catálogo do streaming possui grandes produções, como Pokémon, Naruto, Naruto Shippuden, One Punch Man, Demon Slayer, One Piece, Death Note, entre centenas de outros. Atualmente o gênero é um dos pilares do conteúdo não-inglês da plataforma, em mercados como o Brasil, México, EUA, Alemanha, França, Índia e Indonésia.

Outros serviços, como Prime Video e HBO Max também enxergaram o potencial dos animes. A HBO, juntamente com a Netflix, lançou episódio a episódio de Dragon Ball Daima (última produção de Akira Toriyama) com apenas uma semana de diferença com relação aos lançamentos no Japão. O Prime Video apostou nos clássicos, quando adicionou Dragon Ball Z e Cavaleiros do Zodíaco ao catálogo, entretanto ambos foram retirados após determinado tempo.

Dragon Ball Daima (2024-2025). Reprodução: Toei Animation

 

Diferente da estratégia de mercado adotada outrora pela Netflix, os animes não entram no serviço apenas pelo critério da quantidade. A postura da plataforma tem se mostrado bastante cuidadosa na curadoria, prezando pela qualidade das animações, para conseguir competir com outras empresas especializadas apenas em animes.

A dominância no setor levou as animações japonesas para uma nova fase. A tendência atual é de uma internacionalização ainda maior dessas produções, consolidando o gênero para públicos que nem sequer o conheciam. Os desenhos ocidentais, consequentemente, correm risco, já que, há tempos, a falta de inovação e constantes cancelamentos precoces, como nos casos de Midnight Gospel e Departamento de Conspirações (Inside Job) colaboraram com a disseminação dos animes a nível global.

 


Allan Victor

Formando do curso de jornalismo na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Fundador do canal do YouTube sobre cultura pop e história intitulado Pop Show TV.

Comentários


Instagram

Facebook