Crítica: As virtudes e os defeitos de F1 - O Filme
Dirigido por Joseph Kosinski, o mesmo diretor de Top Gun: Maverick, a mega produção F1: O Filme, estrelada por grandes atores como Brad Pitt, Javier Bardem e chegou aos cinemas no final de junho.
As expectativas não poderiam ser outras, já que em Top Gun: Maverick o diretor conseguiu passar com maestria a sensação de realmente se locomover em um jato militar, dando ao telespectador toda a adrenalina e velocidade, por meio do uso de naves reais concedidas pelo exército estadunidense para as filmagens.
Em F1, a missão era semelhante, já que o esporte envolve diversos carros que atingem velocidades acima de 200 ou até 300 km/h em um circuito fechado. E assim como em Top Gun, o diretor conseguiu, de forma magistral, transmitir toda a sensação de rapidez que um enredo como esse precisa para funcionar.
Pôster de divulgação de F1: O Filme. Reprodução: Apple Studios
As virtudes
O filme como um todo é uma grande realização que busca promover o esporte em si. Diferente de outros desportos que mantém o seu público fiel, como o futebol, a Fórmula 1 vive os seus altos e baixos, dependendo na maior parte das vezes de grandes personalidades, como Hamilton, Verstappen e Ayrton Senna para atrair o público.
Foram usadas cenas reais de corridas que realmente aconteceram em temporadas anteriores para complementar o filme e o longa também foi produzido por Lewis Hamilton, que sabe mais do que qualquer pessoa como a F1 funciona. A obra se destaca principalmente quando diz respeito aos aspectos técnicos de montagem, fotografia, edição e som, já que ele é fruto de diversas parcerias que abrangem empresas e atletas envolvidos de forma direta e indireta na modalidade.
Você é transportado diretamente para dentro de um cockpit e outro grande mérito do filme é de ser facilmente compreendido até mesmo por quem não acompanha Fórmula 1, como é o meu caso. Embora, por vezes, as vozes da narração possam parecer exageradamente expositivas, acredito que seja necessário para a proposta do filme, que é divulgar o esporte e alcançar uma nova audiência. F1: O Filme como essa grande propaganda do automobilismo funciona tanto para quem é leigo, como para quem já o acompanha há décadas.
Os defeitos
Além do espetáculo visual e sonoro, é preciso ressaltar que um filme também depende de uma história, bons personagens e um roteiro bem estruturado. O roteiro em si não tenta reinventar a roda ou transformar água em vinho, ele não é espetacular na escrita de diálogos e motivações dos personagens, mas também não chega a comprometer o restante do filme negativamente.
A história possui suas similaridades com Top Gun: Maverick, mostrando um veterano em sua aposentadoria que decide voltar à ativa e em contraste, ao seu lado, a nova geração é arrogante e precisa de uma voz de experiência para alcançar o potencial máximo. Nada de mais, nem de menos, é apenas um roteiro funcional e extremamente mastigado. Você não precisa analisar nenhum tipo de subtexto, até porque esse tipo de sutileza não está presente.
Para além dos trechos expositivos envolvendo a narração, uma exposição que de fato me incomodou durante o filme é a repetição no fato de que o protagonista é um veterano e está fora de moda. Durante o primeiro terço do filme, a quantidade de vezes que isso é exposto na cara do espectador chega a insultar a sua inteligência, pois desde a primeira cena isso já fica bem claro para todo mundo.
Os personagens em si também exercem esse papel meramente funcional para a obra. Sonny Hayes e Joshua Pearce fazem uma boa dupla, que o roteiro soube bem explorar o contraste e as semelhanças entre os dois. Já os coadjuvantes, pelo contrário, pois o interesse romântico não agrega muito para o enredo e outros personagens, como a Jodie, que trabalha no pit stop da APX GP, parece estar na trama sem nenhum propósito.
Sonny Hayes (à direita) e Joshua Pearce (à esquerda). Reprodução: Apple Studios
Vale ou não a pena?
Apontados as virtudes e os defeitos do filme, a conclusão final é de que é uma obra que realmente vale a pena ser assistida no cinema. Toda a imersão técnica é engrandecida pelo som e pela imagem que só uma sala de cinema consegue proporcionar. O primor técnico é essencial, pois é o principal aspecto que os realizadores deram foco durante a produção.
F1: O Filme realizou com sucesso a missão de divulgar o esporte e criar uma experiência imersiva. Como um produto, ele conseguiu superar suas expectativas, não só nos números de bilheteria, como na influência e impacto sociocultural. Além do mais, como um filme, ele é bastante redondo, pois apresenta suas tramas e consegue dar um desfecho satisfatório para todas elas, sem deixá-las subdesenvolvidas.
