Bahia é coração do Brasil também!

Foto: Amanda Oliveira

Tem gente que acha exagero quando eu digo que sou bairrista — mas repito quando se trata de ser baiana. Eu sou Bahia, com sotaque arrastado, dendê na pele, história no peito e uma mania bonita de lembrar o Brasil de onde ele começou a ser livre de verdade.

A Bahia é mais do que geografia de praia e calor — a Bahia é fundação, resistência, revolução. A história oficial que empurram pra gente diz que a independência do Brasil aconteceu em 7 de setembro de 1822 — mas se alguém ousar perguntar quem de fato sustentou a independência com coragem, suor e faca na mão, vai ter que admitir: foi a Bahia que segurou a bronca.

No 2 de julho de 1823, o grito que ecoou dali foi definitivo. Foi quando o povo baiano, exausto de dominação, botou o corpo na rua, a cara no sol e expulsou de vez as tropas portuguesas que ainda insistiam em mandar no Brasil. Se não fosse a Bahia, esse país talvez ainda estivesse de joelhos.

E quando eu digo povo, eu digo povo mesmo. Falo de caboclos, de negros, de índios, de mulheres. Principalmente delas. Porque a Bahia tem mãe preta, tem Maria Quitéria fardada no maior estilão Mulan quando mulher nenhuma podia lutar, tem Maria Felipa queimando embarcação, botando pra correr quem vinha invadir a ilha de Itaparica. Tem heroína que a história oficial esqueceu — mas que a gente repete de boca em boca pra nunca morrer.

É por isso que todo 2 de julho é desfile, é festa, é memória viva. É a Bahia lembrando ao Brasil que a independência que se celebra na Avenida Paulista só foi possível porque primeiro foi conquistada na poeira quente daqui. E é por isso que esse dia merece ser feriado nacional — não por nostalgia, mas por justiça. Pra gente aprender de novo onde é que esse país encontra coragem pra renascer quando precisa.

A Bahia é referência pro mundo. É música, é axé, é língua que dança. É povo que abraça, que resiste, que insiste. É cultura que ninguém derruba. É força que ninguém cala.

Sou bairrista, sim. Se não fosse, mentia. Tenho orgulho de lembrar que cada vez que a Bahia levanta, o Brasil se reconhece mais bonito, mais forte, mais plural. É de onde brota a teimosia boa de não aceitar grilhões. É de onde a gente mostra que liberdade se faz com corpo, voz, batuque e coragem.

E que assim seja: que o 2 de julho faça nascer o sol no Brasil todo. E que ser baiana nunca deixe de ser minha forma mais orgulhosa de ser Brasil onde quer que eu chegar.


Laís Sousa

Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!
@laissousa_
laissousazn@gmail.com

Comentários


Instagram

Facebook