Quando morre um Papa e sobra um Réu
Foto: Vaticannews
O Papa morreu. E o mundo, mesmo os descrentes, fez silêncio. Não apenas o protocolar — um silêncio de lamento. Daqueles que pesam mais que discutir e discursar. Francisco era daqueles que não mandavam rezar, mandavam olhar pro lado. Um líder espiritual que abraçou os pobres, acolheu quem a Igreja costumava empurrar pros fundos e ainda puxou a orelha dos metidos a juiz.
Latino como a gente, só que com mais compaixão que ressentimento. Um Papa que criticou o capitalismo selvagem, chorou pelos imigrantes, falou de clima, falou de abuso, falou de democracia. Um cara que entendia que, pra ser “santo padre”, tinha que ser mais humano que santificado.
E quando o mundo inteiro estava fechado, em 2020, foi ele quem ficou de pé — sozinho, sob chuva, na Praça de São Pedro, abençoando uma humanidade em luto. Enquanto isso, no Brasil, o chefe da nação mandava invadir hospital, dizia não ser coveiro e debochava de lágrima. Um rezava. O outro tripudiava.
Corta pra agora. O Papa se despede após benção de Páscoa, essa festa que fala de renascimento. O ex-presidente — réu por tentativa de golpe — renasce em enredos cada vez mais absurdos. Do leito do hospital, transmitiu live, recebeu aliados, deu entrevista. Mas bastou o STF aparecer pra dramatizar “injustiça”. Como se não fosse ele o especialista em violar espaços e ameaçar instituições.
Dois líderes. Um no fim da vida, serenando o mundo. Outro, deitado, esperneando. Um, símbolo de compaixão. Outro, de negação.
Francisco nos deixou um legado de fé, justiça e escuta. Já o brasileiro… bem, esse segue deixando recibo.
O Papa se foi. O réu continua fazendo barulho enquanto a prisão se aproxima. Fumaça (com sabedoria no Conclave) e fogo (de esperança na Justiça)!
Laís Sousa
Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!@laissousa_
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