“Perfume esquecido”, de Marx Eduardo, nos leva a partidas e reencontros em canções sensíveis e belas
Conheço Marx Eduardo desde a infância, mas nos aproximamos verdadeiramente no final da adolescência quando o chamei em minha casa para me ensinar uma música, ou melhor, para “tirar” “I’ve Got a Feelling”, dos Beatles. Morávamos em Poções. A partir de então são mais de 20 anos de amizade, de encontros e desencontros, de risadas fartas, de conversas sobre nossas utopias e distopias. São mais de 20 anos acompanhados por muitas músicas, nossa paixão.
E é sobre esse laço que nos uniu há duas décadas que quero tracejar aqui. Faz uma semana que Marx Eduardo lançou seu primeiro álbum solo, “Perfume Esquecido”. Faz uma semana também que venho escutando, absorvendo o detalhe de cada música. Só agora me sinto à vontade para fazer saltar os sentimentos que o disco aflora em mim.
Composta por sete silhuetas que vão ganhando um corpo a partir das emoções trazidas pelos dedilhados e voz de Marx, consegui pegar a estrada imaginada e viajar pelas belas melodias, visitar um café em Piatã e sentir uma atmosfera tranquila, perturbada somente pelos sentimentos de perda e distância que as letras carregam, mas também de reconstruções, reaproximações, como a própria dinâmica da vida ou como as paixões arrebatadoras, que nos fazem levantar e cair ao mesmo tempo enquanto rumamos a um infinito que sempre se faz no agora.
“Perfume Esquecido” é um disco gostoso de se ouvir e de sentir, em que traz uma maturidade tanto de letras, algumas em parceria com Caio Resende, quanto de melodias. Entre as músicas que não consigo parar de escutar está “Quem dirá”, quando Marx mostra sua maior versatilidade ao aprimorar seu canto e modular sua voz como águas que vão caindo e contornado as pedras de uma cachoeira. É uma belíssima música. Algumas das canções têm a assinatura na produção de Filipe Moreno, que tem trabalhos com grandes nomes da música brasileira, como Yamandu Costa.
“Perfume Esquecido” tem sido minha trilha sonora desde a semana passada. Em cada música, vou percorrendo lugares diferentes onde é possível visitar em cada um desses um Marx sensível às partidas e reencontros. Se há pouco mais de 20 anos, Marx me ensinou algumas notas de “I’ve Got a Feeling”, chegou o momento de aprender ou mesmo refletir, agora através de “Perfume Esquecido”, sobre os sentimentos que nos afetam e percorrem nossas vidas.
“Perfume Esquecido” está disponível no Spotify.
Ficha técnica:
Produção: Filipe Moreno
Marx Eduardo (voz, violão e guitarra)
Filipe Moreno(baixo, percussão e violão)
Lucas Lima (bateria)
Gabi Mello (cello)
Neto Fernandes: arte capa
Barbara Jardim: Foto Capa