Fim de um ciclo na Mega e meus agradecimentos pela possibilidade de ter sido jornalista novamente
Nesta semana encerra-se um ciclo importante em minha vida profissional. Há um ano e oito meses, eu dava início a um projeto e também a um sonho adormecido, que era fazer um jornalismo profissional, com profundidade e ética. Assim, eu aceitava o convite de Mário Borim e Marcos Primo para coordenar a Mega Rádio VCA.
Esta é a minha segunda passagem pela Mega. Minha primeira foi precisamente de março de 2015 a fevereiro de 2017. E foi ali que cultivei os laços afetivos que me faziam retornar à Mega e a Vitória da Conquista.
Desde minha saída em 2017, quando fui seguir uma carreira acadêmica, a prática jornalística foi se distanciando da minha vida e estava completamente fora do meu radar, adormecida, quase morta.
Mas em janeiro de 2023, recebi uma ligação de Marcos Primo, um dos diretores da Mega, para saber como estava minha vida. Por coincidência, naquela data eu estava em Poções, cidade onde nunca deixei de residir, embora sempre perambulando por outros lugares, e marcamos uma conversa que incluía também Mário Borim.
Naquele momento, eu estava como pesquisador no Programa de pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, Rio de Janeiro, e dando aula no curso de graduação em Estudos de Mídias da UFF. Meu contrato se encerraria no início de maio daquele ano.
Decidimos iniciar esta minha segunda passagem quando eu retornasse do Rio de Janeiro. Em 15 de maio de 2023, demos então início a um novo projeto para o jornalismo da Mega. Após tanto tempo longe da prática jornalística e com tantas mudanças nos meios de comunicação, queria, sobretudo, aprender novamente e também desenvolver um jornalismo no qual acredito, com seriedade, ética, responsabilidade e que pudesse trazer importantes debates para a sociedade.
A partir de então, começamos a desenvolver um novo site e pensar como seria nossa linha editorial, em que procuraríamos trazer um jornalismo aprofundado e com muita apuração. Não queríamos ficar reféns do tempo, embora este é que dita nossa rotina, e publicar por publicar.
No primeiro momento, eu e Lucas Tinoco começamos a desenvolver um trabalho por alguns meses. Quando o novo site entrou no ar em setembro de 2023, mês em que a Mega completava dez anos de existência, demos início de fato ao que estávamos propondo. Além das matérias que por vezes demoravam dois ou três dias para serem publicadas enquanto eram apuradas, elaboramos o programa Mega Conversa, um podcast de cerca de 20 minutos que tratava sobre os principais temas em discussão em Vitória da Conquista e no Brasil.
Além de Lucas, que se desligou pouco tempo depois para se dedicar a outro trabalho de que já vinha fazendo sobre jornalismo esportivo, também estive ao lado de Danilo Souza, Edilaine Rocha e Ane Xavier, estudantes de jornalismo que se integraram em momentos diferentes à Mega e contribuíram para o seu funcionamento. Nesse período, voltei a trabalhar ao lado de Pablo Vieira, e dividia também o dia a dia de trabalho com o radialista Daniel Morais e Kelle Soares, responsável pela Mega Door e que contribuía com as fotos em estúdio quando havia entrevistas para o Mega Conversa.
Assim, com essa equipe, conseguimos produzir algumas matérias com boas repercussões. Ao final do texto trago algumas delas.
Além dessas pessoas que estavam ali diariamente, em momentos diferentes, ao longo dessa minha segunda passagem também desenvolvi um trabalho ao lado da jornalista Tati Miranda e do jornalista Caíque Santos, quando resolvemos produzir matérias especiais que seriam publicadas nos finais de semana.
Nesse período, a Mega também contou com um time de colunistas com os quais eu tinha uma relação direta para a leitura e revisão dos textos em primeira mão. Cito aqui Laís Sousa, Ingrith Oliveira, Maiana Pereira, José Maria Caires, além de Tati Miranda, Danilo Souza e Ane Xavier e Ricardo Gordo, que contribuíam também com o jornalismo.
Estabeleci uma relação também com algumas pessoas que fizeram programas de rádio na Mega, como Bianca Silva, do Enlivre-se Podcast, Ludmila Araújo, do Sustentabilidade Pod, e Cláudia Cardoso, do Agenda com Cláudia Cardoso.
A cada um de vocês com quem estive na Mega meus agradecimentos. Aprendi muito com vocês nesse período.
Infelizmente, nem tudo que foi planejado eu consegui executar, especialmente a partir de abril de 2024, quando voltei para a universidade, agora como professor substituto na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
Olhando um pouco pelo retrovisor, vejo que minha saída começa a se desenhar ali, pois já não conseguia desde então dividir a atenção entre a universidade e o jornalismo. Desta forma, com minha ausência, diminuía-se ainda mais uma equipe que já era pequena. Mas agradeço a Mário Borim e Marcos Primo que me permitiram ficar na Mega, mesmo tendo que me ausentar por dois dias para me dedicar às aulas na UFRB.
No entanto, por mais que eu tentasse, não foi possível me dedicar o suficiente para coordenar e fazer um jornalismo no qual acredito. Tenho o máximo respeito pela profissão e entendo o jornalismo sério e comprometido como algo fundamental para a sociedade. Por isso, entendo que fechar esse ciclo na Mega é também encerrar um outro, o de ser jornalista na prática, no exercício da profissão, pois minha vida há alguns anos tem tomado outros rumos que não me permitem exercer plenamente o jornalismo.
Por fim, mais uma vez meus agradecimentos a cada um com quem convivi nesse período, especialmente a Mário Borim, Marcos Primo e Maciel Júnior, que confiaram em mim para pensar a Mega. Um agradecimento também Neide e toda a equipe da Contatus. Um grande abraço. Se esqueci de mencionar alguém, que me perdoe. A memória é falha.
Aqui estão algumas matérias que produzimos durante esse período.
Caíque Santos: Em Vitória da Conquista pais de autistas lutam contra a deficiência de políticas públicas e o preconceito
Edilaine Rocha: PL de reajuste dos servidores é aprovado em sessão tumultuada
Lucas Tinoco: Prefeitura quer indenizar empresa com permuta de terrenos; entenda situação que será votada na Câmara
Tati Miranda: Muralha digital: cerco de segurança? Sem resposta da prefeitura, projeto traz dúvidas quanto ao seu funcionamento
Deixo aqui o link também de uma matéria que produzi e escrevi com Caíque Santos sobre a situação dos venezuelanos em Vitória da Conquista. Essa para mim é especial pois envolve um tema de pesquisa que venho realizando há alguns anos. E deixo o link de um dos programas Mega Conversa que foi super importante para mim. É uma entrevista que fiz com o jornalista Breno Altman sobre a questão Palestina, além de uma matéria sobre a vinda de Daniel Munduruku a Vitória da Conquista durante a FliConquista de 2023.
Fábio Agra e Caíque Santos: Indígenas venezuelanos buscam refúgio e encontram vulnerabilidade e desafios em Vitória da Conquista
