Álbum de estreia da PLUMA é como uma viagem em que se flutua no ar

A PLUMA é um grupo musical formado por Diego Vargas (sintetizadores e teclados), Guilherme Cunha (baixo), Lucas Teixeira (bateria) e Marina Reis (vocal). Eu lembro de ter descoberto o som deles já no trabalho de estreia, o EP “Mais do Que Sei Falar”, lançado durante a pandemia, em 2020, e que ficou no repeat no meu Spotify por um tempo. Quatro anos depois, em seu primeiro álbum, “Não Me Leve a Mal”, a banda apresenta uma sonoridade madura e ainda mais psicodélica do que eu já conhecia, mesclando estilos e técnicas que remetem à sensação de estar flutuando no ar a cada segundo.

PLUMA - Não Me Leve a Mal (2024)

Eu escutei as doze faixas que compõem o disco várias e várias vezes e esse já é baita ponto a ser considerado: é um DISCO! Sabe quando a ordem importa, faz sentido, e é gostoso escutar do início ao fim sem pular nenhuma música? A começar pelo começo, como tudo deve ser, risos, a canção “Quando Eu Tô Perto” aposta em uma pegada um pouco mais Pop e comercial, mas ainda com as características que fazem com que a PLUMA seja tão única, como os seus sintetizadores. As duas faixas seguintes, “Se Você Quiser” e “Corrida!” seguem uma base semelhante, mas com espaço para experimentar sem medo. Me surpreendeu o fato das músicas serem consideravelmente longas para os padrões atuais, com a mais curta entre as três tendo quatro minutos de duração.

Ao longo do álbum, novas descobertas vão surgindo e sempre que eu pensava “ok, acho que eu não vou ficar mais surpreso do que isso” a faixa seguinte me deixava ainda mais “viajado”, no bom sentido da coisa. “Jardins” e “Mais uma Vez”, quarta e quinta faixa, respectivamente, são uma verdadeira viagem auditiva, com instrumentais cheios de camadas e várias coisas acontecendo ao mesmo tempo somadas com a suave voz da vocalista, voz essa que na faixa seguinte, “Preguiça”, não aparece e dá espaço para os vocais do tecladista, Diego, mas que não causa espanto. Na verdade, a transição traz mais um ar de novidade em um trabalho onde cada segundo já é algo muito novo e original.

A sétima faixa, “Não Me Leve Mal”, retorna ao padrão um pouco mais comercial - o que não é nenhum demérito, até porque ela foi a canção escolhida para ser um dos singles de apresentação do álbum -  e cumpre muito bem esse papel, mostrando uma sonoridade leve e um refrão simples de ficar na cabeça, o que também acontece com a faixa seguinte, “Plano Z”.  Para mim, foram dois acertos e não seria nenhuma surpresa se essas músicas aparecerem nas programações de rádio por aí. A nona canção, “Sem Você”, é a única que possui um feat e conta com a participação do duo de produtores Deekapz, que fizeram um remix na faixa. Aqui foi uma loucura das boas e foi aquela parceria que eu não sabia que precisava tanto até conhecer.

Duas das minhas favoritas do álbum, “Quanto Vai Ficar?” e “Sonar”, estão justamente entre as três finais. A outra faixa que fecha o trio, “Doce/Amargo”, me trouxe boas sensações também e eu com certeza escutarei outras vezes, mas há algo diferente em “Sonar”, que fecha a lista de canções. Mais do que um final de disco, neste momento as coisas parecem ser até mesmo um final de filme, com uma ótima trilha sonora e uma linha de saxofone que ficou na minha cabeça, chegando ao fim da viagem que é o “Não Me Leve a Mal”. E podem ficar tranquilos, PLUMA, não dá para levar vocês a mal nem um pouquinho. Por aqui, já está na lista de melhores discos de 2024 e acho que este será um trabalho ainda mais valorizado ao longo dos anos, se tornando referência.


Danilo Souza

Estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), repórter, redator, editor de áudio e apaixonado por música desde quando se conhece por gente – ou talvez até antes disso. Foi produtor musical e artista independente por cinco anos com o pseudônimo Danzzz até encontrar no Jornalismo Musical uma outra forma de seguir vivendo o seu sonho.

@danilosouza.jornalismo
danilosouza.jornalismo@gmail.com

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