Santo Antônio, São João, São Pedro, mas o que salva é a fé na Educação
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Tempo bom, clima de festa e o pastorzinho midiático atacou novamente. Acho mesmo é que ele é Va[ria]dão, mas enquanto arrasta multidões a gente tem que pular fogueira e lutar contra esses rojões!
Desta vez, ele resolveu poupar a comunidade LGBTQIA+ de suas palavras odiosas (provavelmente para evitar mais processos), direcionando sua defesa à vida de estupradores e seu ataque à educação. Em um discurso inflamado, ele afirmou que mandar filhos para a faculdade é enviá-los para o inferno. Segundo ele, a solução é simples: se a faculdade vai arruinar a vida do seu filho, é melhor colocá-lo para vender picolé na garagem. Afinal, quem precisa de educação quando se pode abraçar o capeta, não é mesmo?
O mais triste desse discurso incendiário é que ele mira justamente as comunidades periféricas, as favelas, onde a falta de recursos e oportunidades é gritante. São essas comunidades, majoritariamente negras, que mais necessitam de educação como um caminho para a emancipação. A educação é uma luz no fim do túnel, uma chance de transformar realidades duras e injustas. Mas, para o pastorzinho que está ‘diante do trono’ da área VIP da igreja, parece ser uma ameaça.
A igreja católica, com sua promessa de recompensas no pós-vida, perdeu espaço nas periferias para o neopentecostalismo, que oferece uma salvação mais imediata. Prometem prosperidade aqui e agora, com testemunhos de fiéis que passaram de endividados a empresários de sucesso. “Eu sou a Universal”! E assim, as igrejas enchem suas fileiras com pessoas em busca de uma transformação rápida e milagrosa.
Entretanto, sabemos que a verdadeira transformação vem pela educação. Em um cenário onde muitos de nós somos as primeiras gerações de nossas famílias a ingressar na universidade, conseguimos abrir portas para nossos irmãos, vizinhos e amigos. A universidade não é apenas um lugar de aprendizado, mas de mudança social e econômica. Cada diploma conquistado por um jovem da periferia é uma vitória contra um sistema que sempre nos manteve à margem. Porque não existe um negro solitário no mundo, somos comunidade.
O discurso do pastorzinho, porém, tenta acabar com isso. Ele deseja criar um exército de reféns religiosos, pessoas que dependem da igreja para tudo, inclusive para a esperança de uma vida melhor. Na expectativa do milagre, alcançam frustração. Não podemos permitir que isso aconteça! A educação é uma via fundamental para a transformação social, cultural e econômica. Devemos defendê-la com todas as forças das nossas fés.
Ah, e enquanto o pastorzinho prega o apocalipse educacional, ele está passeando com os filhos em Harvard, financiado pelo teu dízimo. Atenta, irmãos! A hipocrisia é gritante. “Vagabundar” na Universidade foi a melhor coisa que eu fiz para continuar ouvindo falar de Deus com discernimento de onde e em quem Ele não se encontra. Não deixemos que esses discursos atrasem nossa luta por emancipação. A educação é a chave para nossa liberdade e prosperidade, e não podemos abrir mão dela para entrar num reino que nada tem de céu.
Laís Sousa
Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!@laissousa_
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