Quem anda atrás de amor e paz não anda bem?
Imagem: Site a Plateia
Dia dos namorados chegando, apelos românticos e comerciais por todos os lados e eu não vou fugir ao tema. De todas as abordagens possíveis, talvez eu tenha escolhido a que mais dê margem aos debates. Desculpem-me, idealistas de plantão. Não pude evitar.
O título desse texto foi extraído da música “De amor e paz”, uma composição de Adauto Santos e Luiz Carlos Paraná, que eu adoro na interpretação de Mart'nália e seu pai, Martinho da Vila. Reparem nesse trecho:
Quem anda atrás de amor e paz não anda bem
Porque na vida quem quer paz amor não tem
Seja o que for, sou mais o amor com paz ou sem
Sei que é demais querer-se paz e amor também
Aí vocês vão dizer: mas eu quero amor e paz sim. Eu também, viu? Até porque nem tenho paciência para histórias complicadas. Mas essa letra me deixa pensativa e eu resolvi dividir isso, para não ficar matutando sozinha. A verdade é que nem sempre temos a sorte de um amor tranquilo. Nesse caso o que vem, junto com o afeto por alguém, é o desassossego, seja porque o outro não corresponde às nossas expectativas em determinados aspectos, seja porque não há reciprocidade ao nosso sentimento.
Tom Jobim, nosso maestro soberano, e Vinicius de Moraes, nosso poetinha, na canção “Eu não existo sem você”, dizem que todo grande amor só é bem grande se for triste. E quem, em sã consciência, vai querer isso? Mas aí é que está! Geralmente a razão fica bem distante da emoção, nesses casos.
Quem nunca se avaliou e julgou ridículas suas atitudes de apaixonado ou apaixonada, numa experiência passada? E mais, quem nunca prometeu a si mesmo jamais voltar a repeti-las, mas, tempos depois, fez tudo igualzinho?
Tenho pensado que parece mesmo não haver coerência nessas questões do coração.
Até tentamos nos preservar das inquietações, evitamos a entrega, buscamos racionalizar, mas ainda assim somos vencidos por aquilo que é, muitas vezes, inevitável.
Os primeiros versos de Baden Powell e Vinicius de Moraes, na música “Tempo de amor”, falam da tranquilidade de quando não se está apaixonado por alguém.
Ah, bem melhor seria poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar
Até aqui concordamos, não é mesmo? Só que vem a outra parte da canção, como uma bofetada, para nos lembrar o óbvio. E é com ela que eu encerro essa reflexão, já convencida de que estamos todos destinados ao amor e aos seus conflitos:
Mas tem que sofrer
Mas tem que chorar
Mas tem que querer
Pra poder amar
Ah, mundo enganador
Paz não quer mais dizer amor
Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender
E se conformar
E se proteger
De um amor a mais
O tempo de amor
É tempo de dor
O tempo de paz
Não faz nem desfaz
Ah, que não seja meu
O mundo onde o amor morreu