O Rock morreu?

Hoje é dia de polêmica no “Troca o Disco” e muita gente, com certeza, vai ficar chateada. Afinal… o rock morreu? Vista a sua blusa preta de banda e acompanhe comigo uma breve visita na história do gênero musical que um dia já foi o mais famoso de todo o mundo. 

Como o rock surgiu? 

O rock, na verdade, aparece como uma fusão de diversos outros gêneros que estavam em alta nos Estados Unidos durante o final dos anos 40 e início dos anos 50. Entre eles, estavam o jazz, folk, country e o rhythm and blues. Durante esse período, nomes como Johnny Cash, Jerry Lee Lewis e Chuck Berry, conhecido como “o pai do rock”, já se destacavam no cenário inicial do estilo. 

Anos 50: Primeiros passos do rock

Em 1954, o estadunidense Elvis Presley inicia a sua carreira na música, se tornando o primeiro grande rosto do rock. Ele, além dos quesitos musicais, também possuía uma postura “provocativa e rebelde”, utilizando-se da dança para ampliar ainda mais seus trabalhos. Diferentemente da ampla maioria dos artistas de rock daquele contexto, Elvis era um homem branco, o que o ajudou a conquistar espaço na mídia de um país conservador e que enfrentava a segregação racial. Ainda nos anos 50, foi criada a guitarra elétrica, que se tornaria um símbolo do estilo musical posteriormente.

Anos 60: Festival Woodstock e o primeiro “boom” 

A guitarra elétrica ganhou os corações dos ouvintes em pouco tempo graças a artistas como Jimi Hendrix, The Rolling Stones, Pink Floyd e Janis Joplin, ambos surgidos durante a década de 1960. Neste momento, o gênero já despontava como um dos mais relevantes do cenário musical não só dos Estados Unidos, mas a nível mundial, o que seria percebido mais tarde com a “Invasão Britânica”. O episódio mais notável talvez seja a apresentação que marcou a estreia dos Beatles em solo americano no programa de TV “The Ed Sullivan Show”, acompanhado por mais de 70 milhões de pessoas ao mesmo tempo.  No último ano da década, 1969, acontece o Festival Woodstock, que firma definitivamente o estilo musical. 

Anos 70: O auge

Não é exagero usar este termo. Os anos 70 realmente foram o grande momento para o rock na história, já que toda a efervescência se tornou ainda maior com a expansão do gêneros e a consolidação de “subgêneros”, como o heavy-metal do Black Sabbath, o hard-rock do Queen e do Kiss e o punk do Sex Pistols, Ramones e The Clash. A essa altura, os shows das bandas mais relevantes do cenário já aconteciam em grandes estádios, que na maioria das vezes tinham lotação máxima. 

É a década que marca não só grandes shows, mas também grandes trabalhos de estúdio. Entre os álbuns lançados durante os anos 70, destacam-se “The Dark Side Of The Moon”, do Pink Floyd, “Led Zeppelin IV”, do Led Zeppelin, “Paranoid”, do Black Sabbath, e até “Let It Be”, o último álbum dos Beatles. 

Anos 80: o rock é pop! 

Trocadilhos à parte com “O Papa é Pop”, dos Engenheiros do Hawaii, os anos 80 foram marcados pela maior presença de sintetizadores e que dividiam as atenções com as guitarras. Isso ficou visível nas músicas de bandas como The Cure, Bon Jovi, Van Halen, a-ha e The Smiths. Além das mudanças sonoras, também aconteceram mudanças na estética dos artistas, com suas roupas e penteados considerados excêntricos. Isso não necessariamente significa que o rock havia “morrido”. Um ponto que reforça esse argumento é o lançamento do álbum “Appetite for Destruction”, disco de estreia do Guns N’ Roses, onde estavam canções como “Welcome To The Jungle” e “Sweet Child O’ Mine”.  

Anos 90: O grunge e o retorno das guitarras

Em 90, o rock “volta pra valer” com o peso das guitarras na cena grunge, principalmente em Seattle, nos Estados Unidos, com o Nirvana, Pearl Jam, Alice In Chains e o Soundgarden. Na mesma década, quase que simultaneamente, também estavam em alta o Red Hot Chilli Peppers, com grande influência da música funky, e o Green Day, que trouxe uma nova onda punk. Pode-se dizer que os anos 90 foram importantes por alguns motivos: primeiro, por ser a última década de um século que deixou um retrospecto positivo para o rock, e também por poder ser considerada como o último grande ‘boom’ do estilo - é o que dizem. 

Anos 2000/2010: o “novo” rock

E vamos a polêmica. Para muitos fãs, o rock começou a “morrer” a partir daqui, apesar de alguns bons nomes terem surgido durante os anos 2000, como Arctic Monkeys, The Strokes e Franz Ferdinand. Um outro argumento que traz mais peso para este contexto é que muitas das bandas clássicas já haviam encerrado as suas atividades, o que dava margem para comparações quando novas bandas começaram a aparecer. Coisas novas deixaram de ser tão atraentes e o que realmente importava era encontrar um “novo Pink Floyd” ou um “novo Led Zeppelin” - pelo menos era o que parecia. E falando em “novo Led Zeppelin”... 

O grupo Greta Van Fleet surgiu em 2012, entretanto, teve um ápice de popularidade em 2017 com o EP “Black Smoke Rising” e o disco “From The Fires”, que venceu o Grammy de Melhor Álbum de Rock daquele ano. Contudo, junto com a visibilidade e o sucesso, vieram as inevitáveis comparações com o Led Zeppelin por conta da sonoridade como um todo e o timbre de voz do vocalista da banda, que se assemelha muito com o timbre de Robert Plant. Em entrevista para a Network Ten da Austrália, Plant respondeu de forma bem humorada sobre as comparações e se referiu a Josh Kiszka, vocalista do Greta Van Fleet, como um “jovem cantor de bela voz” - pois é, o próprio artista leva numa boa, mas os fãs não perdem a oportunidade de criticar, risos. 

Então… o rock morreu?   

De forma simples e direta: não. Talvez agora você se pergunte “então por qual motivo você detalhou tantas décadas para uma resposta tão curta e direta?” de novo, de forma simples e direta: porque a resposta está aí, na sua frente. O rock, assim como qualquer outra coisa do mundo e da arte, passou por mudanças e evoluções que, em boa parte das vezes, não são tão aceitas por um forte saudosismo e a ideia de que “no passado, as bandas eram melhores”, nos fazendo procurar um artista que nunca existirá outra vez. Não acho que o rock morreu, apesar de ter perdido espaço nas rádios e nas paradas musicais de álbuns mais vendidos e coisas semelhantes. Ele apenas segue se renovando, assim como foi em 50, 60, 70, 80, 90, 2000 e 2010 - e a má notícia para os saudosistas é que, sim, isso vai continuar. Você pode até dizer que eu tô por fora, ou então que eu tô inventando. Mas é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem… o rock vive!


Danilo Souza

Estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), músico e produtor audiovisual independente.

danilosouza.jornalismo@gmail.com (Email)
@danilosouza.jornalismo (Instagram)

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