Que não nos falte coragem
Inevitavelmente, trataremos de começos, já que estamos no início de um novo ano. Muitas são as metas, inúmeros os planos para os próximos meses, não é mesmo? Mas venham cá, falando francamente, quase todos nos sentimos ainda muito cansados! Uma pena o nosso sistema não poder ser reiniciado, tal qual um aparelho tecnológico, para entrarmos em 2024 com toda a energia que gostaríamos! Então, aqui e assim, do jeito que foi possível, estamos nós, na primeira semana de muitas que ainda virão.
Além daquela sensação quase geral de ressaca depois das turbulências de 2023 e dos festejos natalinos, existem as realidades individuais. Para quem está em busca de um emprego, principiando novos projetos ou precisando concluir aqueles do ano anterior, por exemplo, surgem preocupação e apreensão. Já para quem está num momento de vida mais tranquilo, certamente aquilo que foi programado se dará num contexto favorável, por isso as expectativas são as melhores possíveis, porém, geram ansiedade.
As situações podem ser as mais variadas, contudo, para enfrentá-las é necessário um mesmo instrumento: a coragem! A passagem de 31 de dezembro para 1° de janeiro inaugura um novo ciclo. Ocorreu-me, agora, um trecho do poema “Cortar o tempo”, comumente atribuído a Carlos Drummond de Andrade, mas há controvérsias. Vamos a um trecho dele:
“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí, entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente.”
Seja lá quem o tenha escrito, essa pessoa sabia das coisas! Neste novo tempo, teremos um dia a mais, pois o ano é bissexto. Fomos presenteados com 366 novas oportunidades, portanto, ânimo! Para encararmos os desafios diários, para superarmos os obstáculos que surgirem no caminho das nossas aspirações, para enfrentarmos o medo quando ele chegar, coragem! E por falar nisso, já finalizando esta nossa conversa, que tal relembrarmos o maravilhoso Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas?
“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito ― por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia.”