25 DE JULHO: DIA INTERNACIONAL DA MULHER NEGRA LATINO-AMERICANA, CARIBENHA E DA DIÁSPORA

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasi


Por Lays Macedo

Ontem foi o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana, Caribenha e da Diáspora. Definido em 25 de julho de 1992, durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, se tornou parte do calendário de luta e resistência das mulheres negras - que sofrem dupla opressão: machismo e racismo.

No Brasil, no dia 25 de julho também se homenageia Tereza de Benguela, líder quilombola que resistiu à escravidão por duas décadas, liderando o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho.

Conforme documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, com aproximadamente 79 negros e 30 indígenas. O quilombo, localizado no Vale do Guaporé (MT), resistiu da década de 1730 até o final do século XVIII. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770.

Tá, mas qual a necessidade de um dia dedicado a este grupo específico de mulheres?

As mulheres negras são as primeiras atingidas pelas crises econômicas e sociais, perdendo seus empregos, o acesso a políticas públicas, além de terem de enfrentar toda a crueldade do racismo estrutural da sociedade, evidenciados em questões como o feminicídio, falta de garantia de dignidade no trabalho, desigualdade de oportunidades e insegurança alimentar por exemplo.

De acordo com o estudo Atlas da Violência 2018, a taxa de homicídios de mulheres negras ficou em 5,3 a cada 100 mil habitantes. Entre mulheres não negras, esse índice cai para 3,1 a cada 100 mil habitantes, uma diferença de 71%. O 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontou que, a cada três mulheres mortas em feminicídios no Brasil em 2020, duas eram negras - o que representa 61,8% das mortes.

No que se refere ao mercado de trabalho, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) referentes ao 2° trimestre de 2021, além de o desemprego entre as mulheres negras ser o dobro que o dos homens brancos, as que conseguem uma ocupação têm os piores salários e os trabalhos mais precarizados. Somente 1,9% delas ocupam algum cargo de direção.

Entre as mulheres negras o índice de ocupação em trabalhos precários é de 46%. A subutilização da força de trabalho impacta 40,9% das mulheres negras enquanto que para os homens não negros, atinge 18,5%.

Mesmo com nível superior completo, de acordo com a pesquisa “O Desafio da Inclusão”, do Instituto Locomotiva, divulgada em 2017, o salário de uma mulher negra é, em média, R$ 2,9 mil. Dentro desse mesmo cenário, o de uma mulher branca é R$ 3,8 mil; o de um homem negro, R$ 4,8 mil; e o de um homem branco, R$ 6,7 mil.

Dados apontam que não há necessidade de apenas um dia da mulher negra latino-americana, caribenha e da diáspora, há necessidade urgente de se discutir as realidades dessas mulheres e todas as vulnerabilidades sociais que as acompanham.

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Sobre a autora: Lays Macedo é jornalista - orgulhosa por ser da Uesb - e estudiosa do feminismo - ativa e atuante. Também faz parte do quadro da segurança pública da Bahia. Adora conversas e tudo aquilo que disseram para ela que mulher não pode.

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Lays Macedo

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