O trabalho que escolhem não ver


 

Por Lays Macedo

 

No último domingo, Dia do Trabalhador e Trabalhadora, no próximo, Dia das Mães. No meio disso, esta reflexão: numa estrutura patriarcal, tudo relacionado à mulher é de menor valor. Reduzidas principalmente a espaços domésticos, seja como esposas/mães ou como trabalhadoras nesses ambientes, mulheres mantêm-se como responsáveis pelos serviços de cuidado e trabalho reprodutivo.

Entretanto, na construção do capitalismo, o trabalho só é pensado como o que produz dinheiro/lucro financeiro imediatamente. Por esta razão, todo esforço e empenho realizados dentro de casa ou com a família por mulheres, por exemplo, se tornam invisíveis (ou, ainda mais cruelmente, são atribuídos a responsabilidades afetivas - tipo, "quem ama cuida", "amor de mãe"...). 

Quem ama cuida, mas quem cuida está realizando um trabalho que resulta em exaustão e esgotamento mental na maior parte das vezes. Ter que assumir responsabilidades para manter as coisas em ordem, planejar e organizar a manutenção da casa e gerenciar as atividades domésticas demandam energia e geram desgaste para que os resultados sejam alcançados. Se preocupar com a carne que precisa ser descongelada, se lembrar do dia de trocar as roupas de cama e banho, saber tudo que tem no armário e o que precisa ser reposto, controlar datas de compromissos de filhos e parceiros, saber sobre marcas e melhores resultados, manter agenda médica e de medicamentos das crianças, se atentar à alimentação mais nutritiva possível para os pequenos... são exemplos de trabalhos atribuídos às mulheres que não acabam nunca e são totalmente invisibilizados.

Mulheres/mães chefiam lares. Isso é penoso, cansativo e ignorado. Bem, pelo menos até que o papel precise ser invertido e quem se beneficia com a exploração de uma mulher precise assumir estas responsabilidades, aí, amados, o trabalho se torna sentid injusto e pesado.

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Sobre a autora: Lays Macedo é jornalista - orgulhosa por ser da Uesb - e estudiosa do feminismo - ativa e atuante. Também faz parte do quadro da segurança pública da Bahia. Adora conversas e tudo aquilo que disseram para ela que mulher não pode.

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Lays Macedo

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