Síndrome de Down Mosaico: por que nem sempre o desenvolvimento é mais leve do que se imagina

Foto: Edvaldo Barone/ABCdoABC
  • Júnior Patente
  • Atualizado: 23/12/2025, 09:20h

A síndrome de Down pode se manifestar de diferentes formas genéticas, e compreender essas variações é fundamental para combater mitos e orientar famílias e profissionais sobre o desenvolvimento das crianças. Quem explica é a médica pediatra Renata Aniceto, especialista em Trissomia 21 (T21), ao detalhar os três tipos existentes da condição: trissomia livre, trissomia por translocação e mosaico.

Segundo a especialista, no tipo mosaico ocorre uma mistura de células: algumas com o número habitual de cromossomos (46) e outras com um cromossomo extra (47). Essa característica genética deu origem, ao longo do tempo, a um dos mitos mais comuns sobre a síndrome de Down: a ideia de que pessoas com mosaico teriam, necessariamente, um desenvolvimento mais leve ou acima da média em comparação aos outros tipos.

“Essa não é uma realidade absoluta”, alerta Renata Aniceto. De acordo com a médica, o desenvolvimento da criança com síndrome de Down do tipo mosaico depende diretamente da proporção entre as células normais e as células com trissomia. “Tudo vai depender da quantidade de células com 46 cromossomos em relação às células com 47. Se houver uma predominância de células normais, pode haver um desempenho melhor. Mas, em muitos casos, essa proporção é semelhante ou até há mais células com trissomia, o que pode gerar um comprometimento maior”, explica.

A pediatra reforça que, por isso, não é correto afirmar que o mosaico representa automaticamente um quadro mais leve dentro da síndrome de Down. “Existe esse mito de que quem é mosaico sempre terá um desenvolvimento melhor, mas isso não é verdade. Cada criança é única”, destaca.

Independentemente do tipo genético, Renata Aniceto enfatiza que o mais importante é o investimento em conhecimento, acompanhamento e estimulação desde os primeiros anos de vida. “Devemos fazer exatamente o mesmo que fazemos para qualquer criança com síndrome de Down: estimular, acompanhar e oferecer oportunidades, sem criar expectativas irreais ou limitações baseadas apenas no tipo genético”, afirma.

A orientação da especialista reforça a importância de informação de qualidade para desconstruir crenças equivocadas e promover um olhar mais individualizado, respeitoso e inclusivo sobre as pessoas com síndrome de Down.

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