Miconquista: a festa que nasceu da ousadia, virou história e segue pulsando na alma de Vitória da Conquista

Foto: Secom PMVC
  • Júnior Patente
  • Atualizado: 15/12/2025, 07:29h

Em 1988, Vitória da Conquista viveu um daqueles momentos em que a cultura se antecipa ao tempo e ousa redesenhar o futuro. Sobre o trio elétrico Estrelar, do Bloco Massicas, ao final do desfile pela Avenida Bartolomeu de Gusmão, um manifesto foi lido em voz alta. Mais do que uma declaração de intenções de um bloco carnavalesco, o texto ecoava o desejo coletivo da juventude conquistense: reinventar a tradicional festa de Momo e transformá-la em uma micareta, inspirada no modelo que já ganhava força em Feira de Santana.

À época, a proposta soou para muitos como exagero ou delírio. Mas havia convicção. A diretoria do Massicas acreditava que aquele apelo público não seria passageiro. Era um movimento cultural irreversível, que precisava apenas do aval político do então futuro prefeito, Dr. Murilo Mármore, para ganhar forma.

O gesto foi, acima de tudo, um ato de coragem e visão. Sem plena consciência da dimensão que aquela iniciativa alcançaria, o grupo abriu caminho para uma transformação profunda no calendário festivo da cidade. O que nasceu em Conquista não apenas se consolidou, como também influenciou o próprio conceito das micaretas no país, apresentando um novo formato de festa, com layout e organização que passaram a ser replicados Brasil afora.

Em 1989, já com o apoio da gestão de Dr. Murilo Mármore, a primeira edição da festa saiu às ruas. O início foi tímido, quase desanimador. O desfile começou esvaziado na região da Vitor Brito, seguiu pela Bartolomeu de Gusmão até as proximidades do antigo SAMU e retornou. Pouca gente acompanhava. Mas, ao final do percurso, o cenário havia mudado completamente: a Miconquista estava consagrada. Nascia ali uma festa que entraria para a história cultural da cidade.

O tempo trouxe pausas, interrupções e silêncios. Mas a memória coletiva manteve a chama acesa. Quando a Miconquista retornou, voltou maior, mais forte e reafirmando sua relevância. De 2023 a 2025, nomes consagrados da música brasileira passaram pelos trios elétricos — Bell Marques, Ivete Sangalo, Timbalada, Tony Salles, É o Tchan, Babado Novo, Parangolé — sem deixar de valorizar as bandas locais, responsáveis por preservar a identidade e a alma da festa.

Agora, a história ganha mais um capítulo. A Miconquista retorna mais uma vez, trazendo novidades que prometem surpreender. Os detalhes serão revelados em breve.

O reencontro já tem data marcada: 25 de abril. E, como manda a tradição de uma festa que nasceu da ousadia e da cultura popular, a promessa é clara — a Miconquista segue viva, pulsante e profundamente conectada à história e à identidade de Vitória da Conquista.

Comentários


Instagram

Facebook