A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) atualizou, neste ano de 2025, as diretrizes clínicas para a definição de febre na infância, estabelecendo a temperatura axilar de 37,5°C como o novo referencial. Anteriormente, o parâmetro adotado era de 37,8°C. A alteração visa padronizar a avaliação médica nacional e reduzir a chamada “febrefobia”, priorizando a observação do estado geral da criança em detrimento apenas da medição termométrica.

Em Vitória da Conquista, o Hospital Municipal Esaú Matos, unidade de referência regional em urgência e emergência materno-infantil, utiliza a nova diretriz para orientar as famílias sobre o manejo dos sintomas e o fluxo correto de atendimento. Segundo a unidade, a febre atua frequentemente como um mecanismo fisiológico de proteção.

“A febre é uma resposta do organismo diante de um processo inflamatório. Na maioria das vezes, ela ocorre por causa de uma infecção aguda, seja viral ou bacteriana. Embora muitas famílias tenham medo da febre, é importante entender que ela funciona como um mecanismo de defesa do corpo. Isso pode ser positivo, pois o sistema imunológico da criança tende a atuar de forma mais eficaz quando há febre”, explica o médico pediatra do Hospital Municipal, Heitor Mota.

Procedimentos e fluxo de atendimento

O especialista recomenda que, ao identificar o aumento de temperatura, os responsáveis administrem o antitérmico na dose adequada e aguardem entre uma hora e uma hora e meia para verificar a resposta do organismo. Se a febre persistir, a orientação inicial é buscar a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência do bairro. Na atenção básica, a criança passa por avaliação e, conforme a gravidade, pode ser encaminhada a serviços de maior complexidade.

O Hospital Municipal Esaú Matos registrou mais de 8.000 atendimentos pediátricos nos últimos três meses, perfazendo uma média mensal de 2.700 pacientes. A unidade destaca que o pronto-socorro deve ser priorizado quando houver sinais de alerta associados à febre.

Marina Ferreira, moradora do povoado de Pé de Galinha, buscou o pronto-atendimento após sua filha Micaele, de três anos, apresentar febre por quatro dias, tosse e falta de apetite. “A médica explicou que era uma virose, com quatro dias de febre, o que é normal nesses casos”, relatou a mãe após a consulta.

Quando buscar emergência hospitalar

De acordo com o protocolo médico do Esaú Matos, a busca imediata pelo pronto-socorro é indicada nos seguintes casos:

• Dificuldade para respirar;

• Gemência ou irritabilidade intensa;

• Vômitos persistentes ou recusa em ingerir líquidos;

• Piora do estado geral da criança;

• Febre que não cede após o uso correto de antitérmico e respeito ao intervalo de ação do medicamento;

• Convulsões ou episódios de sonolência excessiva.