Mais de 30 casais formalizam união no primeiro Casamento Coletivo Quilombola de Vitória da Conquista
Foto: Ascom PMVC
Mais de 30 casais oficializaram a união civil nesta segunda-feira (1º) durante o 1º Casamento Coletivo Quilombola de Vitória da Conquista. A cerimônia, realizada na BelaCasa Eventos, foi promovida pela Corregedoria-Geral da Justiça da Bahia em parceria com a Prefeitura Municipal e outras instituições, com o objetivo de promover a regularização jurídica e o fortalecimento dos direitos civis das comunidades tradicionais.
A iniciativa contou com suporte logístico da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes). O processo de habilitação para o casamento, que envolve a preparação e regularização documental, foi conduzido pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Rural em conjunto com a Defensoria Pública do Estado. O evento também ofereceu suporte na preparação pessoal das participantes: 15 noivas receberam serviços estéticos através de uma parceria com o Movimento das Donas de Casa (MDC).
Vitória da Conquista possui atualmente 33 comunidades quilombolas certificadas, sendo 32 localizadas na zona rural e uma na área urbana. A cerimônia reuniu moradores de diversas dessas localidades e contou com apresentação musical do Núcleo Estadual de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba).
O secretário municipal de Desenvolvimento Social, Michael Farias, destacou o alinhamento da ação com as políticas públicas locais. “O Casamento Quilombola representa uma ação concreta de promoção da igualdade racial. Por isso, a Prefeitura fez questão de apoiar esse momento histórico. Entendemos que fortalecer políticas voltadas aos povos tradicionais é reafirmar o compromisso com a garantia de direitos humanos e com o respeito às formas de organização e identidade dessas comunidades”, afirmou Farias.
A celebração foi conduzida pelo juiz da 1ª Vara de Família, Cláudio Daltro, designado pela Corregedoria-Geral da Justiça. O magistrado ressaltou o contexto do evento, realizado logo após o mês da Consciência Negra. “Não se trata de um ato simbólico, mas de reconhecimento da história, da memória e das tradições quilombolas. Realizar o primeiro casamento coletivo quilombola de Vitória da Conquista justamente neste período torna tudo ainda mais significativo”, disse o juiz.
O coordenador municipal de Promoção da Igualdade Racial, Ricardo Alves, classificou a ação como medida de reparação social. “É garantir que essas famílias tenham dignidade e pleno reconhecimento jurídico. A parceria entre a Prefeitura e as instituições do sistema de justiça reforça nosso compromisso com a equidade racial”, pontuou.
Entre os participantes, Patrícia Oliveira, da comunidade de Baixa Seca, relatou a importância do acesso facilitado aos trâmites legais. “Muitas vezes não conseguimos, por conta própria, organizar um casamento assim. Por isso, agradeço à Defensoria Pública e ao Cras Rural por estarem ao nosso lado nesse momento”, declarou a noiva.
A realização do evento envolveu a articulação entre o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), a Associação dos Registradores Civis (Araurc) e a Faculdade Anhanguera.







