Nova radioterapia em Vitória da Conquista transforma Sudoeste da Bahia em polo de alta complexidade contra o câncer
A inauguração do novo pavilhão de radioterapia em Vitória da Conquista marca uma virada histórica no tratamento oncológico para todo o Sudoeste da Bahia, afirma a secretária estadual de Saúde, Roberta Santana. Em entrevista coletiva, ela destacou que a região passa a contar com a linha completa de cuidado em câncer, do diagnóstico à radioterapia, perto de casa para mais de 2 milhões de baianos.
Novo pavilhão de radioterapia
Segundo a secretária, o equipamento de radioterapia em Vitória da Conquista faz parte do plano federal de expansão da radioterapia (Persus) e recebeu investimento de cerca de R$ 15 milhões, incluindo um acelerador linear moderno e um aparelho de braquiterapia, tecnologia disponível até então apenas em Salvador, no Sicam. A expectativa é realizar até 18 mil sessões de radioterapia por ano, atendendo não só Conquista, mas também Brumado, Caetité, Itapetinga e dezenas de municípios do entorno.
Roberta lembrou que a obra começou em 2012, foi paralisada em 2018 e ficou quatro anos parada, o que empurrou pacientes para Salvador, Feira de Santana e Lauro de Freitas, gerando sofrimento e custos adicionais às famílias. Com a retomada em 2023 e a conclusão agora, a secretária fala em “reparar um atraso doloroso” e garantir dignidade a quem enfrenta o câncer, reduzindo deslocamentos longos em um momento de grande fragilidade.
Descentralização da alta complexidade
A secretária enfatizou que o novo serviço em Vitória da Conquista integra uma estratégia ampla de descentralização da alta complexidade na Bahia. Hoje o estado conta com 14 aparelhos de radioterapia, ainda concentrados principalmente em Salvador, mas já soma 22 Unacons distribuídas pelo interior e quatro novos serviços de radioterapia em implantação: Teixeira de Freitas, Irecê, Barreiras e agora Vitória da Conquista.
Roberta destacou que implantar oncologia no interior exige não apenas obras e equipamentos, mas também mão de obra altamente qualificada. Ela citou a presença de um médico físico atuando no novo serviço – profissional raro, com apenas cerca de 300 em todo o Brasil – como exemplo da capacidade técnica que a região vem conquistando com a formação e fixação de especialistas em Vitória da Conquista.
Expansão de hospitais e leitos no interior
Durante a entrevista, a secretária também respondeu sobre o conjunto de investimentos na saúde do interior baiano. Ela informou que, em três anos de gestão do governador Jerônimo Rodrigues, já foram entregues 12 novos hospitais, a maioria em cidades do interior, e não apenas em Salvador. Nesta semana, o governo estadual estadualizou a Unacon de Caetité e inaugurou, em Lauro de Freitas, o primeiro hospital de transição e cuidados prolongados do Brasil, com 90 leitos e investimento de R$ 30 milhões.
Na região Sudoeste, Roberta anunciou um novo bloco para o Hospital Geral de Vitória da Conquista (HGVC), com investimento de R$ 84 milhões, 11 salas cirúrgicas e mais 40 leitos de UTI, que se somarão aos 40 já existentes. Também citou a ampliação do hospital de Guanambi, com mais 60 leitos e 30 de UTI, e o novo hospital de Itapetinga, já licitado, com cerca de 130 leitos, maternidade e UTI neonatal, projetado para aliviar a pressão sobre a maternidade Esaú Matos em Conquista.
Regionalização e integração da oncologia
Questionada sobre a integração entre o HGVC, a Unacon e o novo serviço de radioterapia, a secretária explicou que a oncologia em Vitória da Conquista passará a ser assumida pelo Estado, em parceria com a rede contratualizada, incluindo a Santa Casa/SAMUR. O contrato existente será mantido e ampliado, de forma que o novo pavilhão não substitui, mas soma serviços, com a radioterapia e a braquiterapia agregando mais capacidade terapêutica.
Roberta reforçou que o objetivo é garantir toda a “linha do cuidado” oncológico no território: consulta, biópsia, quimioterapia, cirurgia e radioterapia em um mesmo eixo regional, evitando que o paciente precise sair de perto da família por 15, 30 ou 45 dias para realizar sessões diárias. Para ela, a descentralização não é apenas uma estratégia técnica, mas também um gesto de respeito à dignidade de pacientes e cuidadores.
Maternidade, pediatria e programa Mãe Bahia
Sobre o cuidado materno-infantil, a secretária reconheceu a importância da maternidade Esaú Matos como referência regional de alta complexidade, sob gestão municipal. Ela disse ter se impressionado com o porte da unidade e informou que o Estado apoia o serviço por meio do programa Mãe Bahia, que repassa cerca de R$ 1 milhão por mês à maternidade, além de manter atendimento pediátrico e UTI pediátrica no HGVC, com perspectiva de ampliação de leitos na nova estrutura.
Roberta afirmou que o diálogo com a gestão municipal de Vitória da Conquista é permanente e que o critério é sempre assistencial, não político. Segundo ela, grandes municípios como Feira de Santana e Vitória da Conquista estão entre os maiores beneficiários do Mãe Bahia, justamente pela quantidade de partos e pela demanda regional, reforçando a ideia de que “a população não quer saber se é Estado, município ou União, quer ser atendida”.
Atenção primária, UPA e regulação
Questionada sobre a necessidade de nova UPA em Vitória da Conquista, a secretária lembrou que a gestão de UPAs é, por lei, responsabilidade do município, mas que o Estado, de forma excepcional, já faz a gestão de uma UPA na cidade. Ela afirmou ter recebido a informação de que a prefeitura está construindo uma nova unidade, e garantiu que, mesmo com a abertura da UPA municipal, o serviço estadual não será fechado, pois a diretriz é ampliar, não reduzir oferta.
Ela aproveitou para relacionar a pressão sobre UPAs e hospitais às falhas na atenção primária. Com cerca de 72% de cobertura de Estratégia Saúde da Família em Vitória da Conquista, ela observou que uma parcela importante da população não tem acesso regular a consultas, exames preventivos, controle de hipertensão e diabetes e vacinação, o que leva mais pessoas a chegarem graves às emergências. Para enfrentar isso, o Estado elevou o cofinanciamento por equipe de saúde da família, que pode chegar a até R$ 5 mil mensais quando metas de cuidado e prevenção são cumpridas.
Novas unidades básicas e grandes obras
Roberta revelou que, por meio de um empréstimo internacional voltado à saúde e com apoio da Assembleia Legislativa, o governo construirá sete novas Unidades Básicas de Saúde em Vitória da Conquista, em locais definidos em conjunto com o município. Ela lembrou ainda que, em toda a Bahia, mais de 300 novas UBS estão em obras com recursos do Novo PAC, e que Conquista contará com duas novas unidades e um CAPS financiados pelo governo federal.
Além disso, a secretária informou que a Bahia tem hoje oito novas policlínicas regionais e oito hospitais em construção ou licitação, somando mais de R$ 1,5 bilhão em obras de saúde. Na região Sudoeste, além da policlínica já existente e da nova policlínica em construção em Itapetinga, a ampliação do HGVC e as obras de Itapetinga e Guanambi reforçam o papel de Vitória da Conquista como grande polo de alta complexidade no interior do estado.
Reabertura e estadualização da Unacon de Caetité
Ao comentar a situação da Unacon de Caetité, Roberta lembrou que o serviço oncológico enfrentou dificuldades de manutenção e mudança de gestores, chegando a ter a unidade de quimioterapia fechada por meses e o hospital praticamente parado. Segundo ela, municípios menores enfrentam mais obstáculos para manter oncologia por conta do custo dos insumos, da necessidade de profissionais especializados e do financiamento insuficiente.
A solução encontrada foi a estadualização do hospital, aprovada pela Câmara de Vereadores, que cedeu o prédio ao Estado por 20 anos. Roberta adiantou que o governo está concluindo a contratação de uma organização social para gerir a unidade e que a entrada do Estado na operação deve ocorrer até 20 de dezembro, com custeio estimado em cerca de R$ 4,5 milhões mensais, integralmente cobertos por recursos assegurados pelo Ministério da Saúde. A proposta é que pacientes oncológicos em intercorrência tenham porta aberta, sem necessidade de passar pela regulação para serem atendidos.
Dignidade, proximidade e futuro da rede
Ao longo da entrevista, a secretária insistiu que o grande eixo da política de saúde do governo Jerônimo Rodrigues é a regionalização: levar serviços de alta complexidade para mais perto das pessoas, desafogar a capital e reduzir distâncias físicas e emocionais. Ela citou o crescimento da demanda por oncologia, associado ao envelhecimento da população, ao sedentarismo, à obesidade e ao tabagismo, como um desafio que exige investimentos simultâneos em prevenção, diagnóstico precoce e ampliação de leitos e serviços especializados.
Para a secretária, a entrega do novo pavilhão de radioterapia em Vitória da Conquista simboliza esse esforço: uma conquista imediata para quem já precisa de tratamento e um passo decisivo na construção de uma rede mais justa, humana e acessível em toda a Bahia.







