Dia Nacional da Consciência Negra: Um olhar profundo com o professor Dumas Santos
No dia 20 de novembro, data marcada pela celebração e reflexão sobre o Dia Nacional da Consciência Negra, o canal Brasil Escola Oficial no YouTube promoveu uma conversa enriquecedora com o professor Dumas Santos, filósofo, sociólogo e especialista em consciência e movimento negro.
Segundo Dumas, a data 20 de novembro é emblemática por marcar o assassinato de Zumbi dos Palmares, símbolo de resistência negra no Brasil. “É uma data para discutir a violência, o racismo ainda muito presente na sociedade brasileira, um tema que está nas nossas entranhas”, afirma.
O professor explica que o movimento negro transformou essa data em um momento de debate que evoluiu para a Semana da Consciência Negra, quando negros e brancos sensibilizados promovem discussões, celebrações e orações sobre a situação da população negra e os desafios enfrentados no país.
Dumas destaca que “apesar da data existir desde 2003, sua oficialização somente ocorreu em 2011, e ainda enfrenta resistência em alguns locais, como Goiânia, onde a imposição de feriados esbarra em argumentos políticos e religiosos”. Para ele, “um feriado não é o fim, mas uma oportunidade para criar políticas públicas que combatam o racismo, a violência contra jovens negros e a opressão contra a mulher negra”.
Ciente dos marcadores sociais da desigualdade, Dumas salienta a situação alarmante das mulheres negras, cuja vulnerabilidade persiste mesmo com leis como a Maria da Penha. Em números, ele alerta que quase 61% da população carcerária é negra, muitos analfabetos, e que o salário da mulher negra está entre os mais baixos do país.
Um ponto positivo destacado pelo professor é o avanço na educação superior: “O número de negros nas universidades públicas já supera o de brancos, graças às políticas de cotas e ações afirmativas.” No entanto, ele sublinha que “a inclusão no ensino superior ainda não garante acesso igualitário ao mercado de trabalho, evidenciando o racismo estrutural presente também nas empresas”.
Sobre a política de cotas, Dumas explica que ela reconhece a dívida histórica do Brasil com negros, indígenas e estudantes de escola pública, buscando corrigir desigualdades acumuladas durante os 358 anos de escravidão. Ele reforça a importância da sociedade entender que o país pertence a todos, e a exclusão econômica e educacional da população negra gera consequências negativas para a economia como um todo.
Na análise do cenário histórico, o professor lembra a assimilação violenta imposta do Império à República, e a prevalência do racismo científico que negava o racismo no Brasil, criando a falsa ideia de uma “igualdade racial”.
Para combater o racismo estrutural, Dumas aponta que “três instituições fundamentais — família, escola e igreja — continuam reproduzindo o racismo, muitas vezes sem perceber”. Ele defende a necessidade de eliminar o racismo nesses ambientes, fortalecer a autoestima da população negra e promover o diálogo equilibrado entre negros e brancos.
“Racismo não se reduz, se elimina”, conclui o professor, destacando que a luta será longa, mas fundamental para a construção de uma sociedade mais justa.
A entrevista completa com o professor Dumas Santos está disponível no canal Brasil Escola Oficial, e traz uma reflexão profunda para alunos, educadores e cidadãos empenhados na superação do racismo no Brasil.







