Consciência Negra: por que a luta contra o racismo começa em casa e nas escolas?

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, homenageia Zumbi dos Palmares e discute o racismo presente na sociedade brasileira. A data foi instituída oficialmente pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011, e é um símbolo da luta contra o racismo no Brasil. O dia é um momento de reflexão sobre a contribuição da comunidade negra para o Brasil e a promoção de políticas de inclusão e ações afirmativas.
A sociedade brasileira é multicultural e pluriétnica, formada pela diversidade de povos, línguas, culturas e histórias, mas os currículos escolares ainda são formulados tendo como base central, referenciais europeus. A reformulação curricular das escolas de educação básica está prevista na Lei 10.639/2003 que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A exigência legal visa a inclusão do estudo da luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
O objetivo da implementação das mudanças é pluralizar as histórias oficiais. As temáticas devem ser implementadas de forma transversal nos componentes curriculares trabalhados da Educação Básica, como indica a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Pensar e elaborar currículos que contemplem a exigência da lei é planejar e executar conteúdos afrobrasileiros e africanos dentro de sala de aula.
Quando se trata das áreas social, econômica e política é importante ressaltar que a população negra faz parte do grupo que está mais vulnerável em comparação as pessoas brancas. Embora as pessoas negras sejam maioria no Brasil, conforme dados do IBGE que mostra que mais de 54% da população se auto declara negra (pretas e pardas), os espaços não são ocupados de forma equilibrada. A população negra se encontra nas camadas mais baixas das classes sociais, tem poucos anos de escolaridade e ainda são subrepresentados em empregos bem remunerados e também na política. As lutas por espaço de discussão para mudanças podem ser representadas principalmente pelo Movimento Negro.
É urgente o debate antirracista nas práticas pedagógicas em diversos espaços educativos e no ambiente familiar.
Muitas vezes creditamos à escola o papel na formação dos filhos a respeito de diversos assuntos que permeiam nossa sociedade. O racismo é um desses. Mas será que somente cabe a escola esta conversa?
A questão racial deve fazer parte também das conversas familiares. Os filhos encontram nos diversos espaços que participam como igreja, parques, clubes, escola, pracinhas, casa de parentes e amigos, a diversidade de pessoas que forma nossa sociedade. As diferenças de gênero, classe e cor permeiam as relações sociais nas quais nossos filhos fazem parte. Dentro de casa é possível mostrar que as diferenças entre as pessoas é algo positivo, e podemos ir mais além, como por exemplo aproveitar o momentos de família para também possibilitar o diálogo sobre o racismo.
Fontes
João José do Nascimento Souza: Pedagogo, orientador educacional no Ensino Médio no Colégio Amaro Cavalcanti, mestre em Filosofia e Ensino, pós-graduado em Estudos Latino-Americanos, e especialista em Ensino de História da África.
Paulo Melgaço da Silva Junior: Pós-Doutor em Educação pela UFRJ. Doutor em Educação pela UFRJ (2014). Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Baixada Fluminense – FEBF/UERJ.
Autores do livro "Caminhos para uma educação antirracista: teorias e práticas docentes”.







