CAYARÍ: a voz que faz a ancestralidade pulsar na música contemporânea
Nascida em Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, CAYARÍ é uma das vozes mais autênticas e transformadoras da nova cena musical brasileira. Cantora, compositora, atriz e apresentadora indígena da etnia Pataxó, ela carrega na arte o compromisso de unir a força das raízes ancestrais à pulsação da música contemporânea.
Desde os nove anos de idade, quando deu seus primeiros passos na música, CAYARÍ já demonstrava uma relação intensa com a arte. Seu trabalho se destaca pela diversidade e pela coragem de transitar entre gêneros, línguas e linguagens. Em suas composições, o português, o inglês e o patxohã — idioma ancestral do povo Pataxó — convivem em harmonia, dando voz a uma mensagem de resistência, identidade e reconexão cultural.
Da Bahia para o mundo
Em 2018, CAYARÍ mudou-se para São Paulo, onde rapidamente conquistou espaço na efervescente cena alternativa da capital. Participou de pocket shows, batalhas de rima e parcerias com artistas paulistanos, mostrando sua versatilidade e presença de palco marcante.
Durante a pandemia, em 2020, a artista transformou o isolamento em potência criativa. Criou um programa semanal de entrevistas no Instagram, onde deu visibilidade a representantes da etnia Pataxó e promoveu debates sobre identidade, resistência e pertencimento indígena. A iniciativa reforçou seu papel como comunicadora e porta-voz de causas socioculturais.
Música, ancestralidade e experimentação
Entre 2022 e 2023, sua carreira atingiu novos patamares. Suas músicas passaram a integrar trilhas de filmes e peças teatrais, enquanto ela expandia sua atuação como atriz. No fim de 2023, lançou o EP “Afluir”, uma obra marcada por uma sonoridade híbrida que passeia por MPB, reggae, soul e hip hop, consolidando sua identidade artística plural e inclassificável.
Ainda em 2023, CAYARÍ foi nomeada embaixadora da octaEra, organização que atua na proteção das florestas e no fortalecimento das culturas originárias. A nomeação simboliza a coerência entre sua arte e sua militância, reafirmando seu papel de artista engajada nas causas que defende.
A conexão com o reggae e o legado Marley
O ano de 2024 marcou a aproximação definitiva de CAYARÍ com o universo reggae. Ela gravou músicas do gênero e participou de shows ao lado de nomes consagrados, como Alma Djem e Vibrações, tornando-se a primeira apresentadora indígena e nordestina de um festival de reggae no Brasil.
Uma das experiências mais emblemáticas de sua trajetória foi o convite da equipe de Julian Marley, filho de Bob Marley, para acompanhar seu show na Virada Cultural de São Paulo. O momento simbolizou não apenas o reconhecimento de sua arte, mas também o início de uma nova fase criativa, em que CAYARÍ passou a explorar uma fusão vibrante entre reggae, rock e rap.
Um novo ciclo de força e identidade
Em 2025, CAYARÍ inicia um novo capítulo de sua carreira em parceria com a Marã Música, unindo ancestralidade e atitude rock’n’roll. O estilo que embalou sua adolescência retorna agora com maturidade e propósito, revelando uma artista completa, segura e em plena evolução.
Com sua banda, ela dá vida a um som potente e original, onde o canto indígena encontra a energia do rock e a pulsação do rap, numa fusão que transcende fronteiras musicais e culturais. Recentemente, apresentou um show autoral no Festival São Paulo Rocknation e participou do projeto Men Am Nim, na ocupação Ailton Krenak do Itaú Cultural, como narradora de audiodescrição — mais um exemplo de sua versatilidade artística e sensibilidade social.
Uma artista que aflua
CAYARÍ é mais do que uma cantora: é ponte entre tempos e mundos, entre o sagrado e o urbano, entre o que foi e o que está por vir. Sua música é convite à escuta, à reconexão e à consciência.
Com coragem e autenticidade, ela reafirma o poder da arte indígena contemporânea e prova que a ancestralidade não é passado — é presente vivo que continua a afluir.
Ouça a entevista da Cayari no programa Bom Dia Mega, com Daniel Morais, com participação de Júnior Patente.
Ouça a música Hierú Dxahá Suniatá, de autoria de Cayari.