O risco oculto do PIX: A armadilha da falta de recibo na hora do pagamento

  • Da Mega
  • Atualizado: 08/10/2025, 05:25h

O PIX revolucionou as transações financeiras no Brasil, oferecendo agilidade e praticidade incomparáveis. No entanto, a rapidez da transferência esconde um risco sério, especialmente para comerciantes, prestadores de serviço e qualquer pessoa que receba valores: a falta do comprovante de pagamento pode gerar prejuízos e problemas legais.

O PIX, por ser instantâneo, criou a falsa sensação de que "caiu na conta, está pago". O problema é que criminosos e golpistas se aproveitaram dessa agilidade para aplicar o chamado "Golpe do Falso PIX" ou, de forma mais sutil, para "desfazer" a transação após o serviço ou produto ter sido entregue, alegando, por exemplo, um erro ou fraude.

Por Que a Confirmação do Recebimento Não Basta?

Simplesmente checar o extrato bancário e ver o valor creditado não é suficiente para garantir a segurança da transação. O perigo mora em três cenários principais:

  1. O Comprovante Falsificado: Golpistas apresentam um comprovante de PIX editado ou gerado a partir de aplicativos fraudulentos que simulam o pagamento. A vítima, na pressa, confia na imagem e entrega o produto/serviço, só descobrindo depois que o dinheiro nunca entrou na conta.

  2. O Estorno Mal-Intencionado: Em alguns casos, o PIX pode ser feito a partir de uma conta invadida ou clonada. O verdadeiro titular, ao notar a transação não autorizada, solicita o estorno junto ao banco (o Mecanismo Especial de Devolução - MED). Se o recebedor não tiver o comprovante original do pagador, fica mais difícil provar a boa-fé e a legitimidade da venda.

  3. Fraude de Conta-Bancária: O pagador pode alegar, posteriormente, que a transferência foi um erro ou fruto de fraude, buscando reverter a operação mesmo após a entrega. Sem o recibo emitido pelo pagador (que comprova que a ordem de pagamento partiu dele), a disputa judicial ou administrativa se torna mais complexa.

 

Cuidados Essenciais ao Receber um PIX

Para se proteger e garantir a validade da transação, quem recebe o pagamento via PIX deve adotar uma rotina de segurança simples, mas rigorosa:

1. Exija o Comprovante do Pagador

Não aceite apenas a palavra ou uma notificação de "PIX recebido". Solicite ao pagador que envie o comprovante oficial emitido pelo aplicativo do banco dele. Esse documento deve conter:

  • Nome/Razão Social de quem enviou.

  • Valor e horário da transação.

  • Código de Identificação (ID) da transação.

 

2. Confirme em Seu Extrato, Não Apenas na Notificação

As notificações de recebimento podem ser passíveis de erro ou manipulação (no caso de prints falsos). A única prova incontestável de que o dinheiro caiu é a conferência em seu extrato bancário oficial, pelo seu aplicativo ou sistema.

 

3. Armazene o Comprovante Interno (Seu Recibo)

Após a confirmação em seu extrato, gere e armazene o seu próprio comprovante de recebimento (o recibo que seu banco emite). Junte este recibo ao comprovante enviado pelo pagador. Essa dupla documentação é a sua principal defesa em caso de contestação.

 

4. Relacione o PIX à Transação

Em vendas ou prestação de serviços, sempre anote ou vincule o ID da transação do PIX (presente no comprovante) à nota fiscal, ordem de serviço ou recibo de venda que você emitir. Isso facilita a rastreabilidade em caso de auditoria ou disputa.

 

5. Desconfie de Pressa e Valores "Quebrados"

Golpistas costumam agir com pressa, forçando o recebedor a aceitar o comprovante falso rapidamente, antes da checagem. Além disso, valores estranhamente "quebrados" (como R$ 499,97) podem ser um sinal de tentativa de camuflar o golpe.

Ao seguir esses cuidados, você aproveita os benefícios do PIX sem se expor aos riscos de fraudes documentais ou de estorno. A praticidade deve sempre vir acompanhada da devida cautela.

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