Nova CIN: Piauí celebra 100% de emissão em cidade, enquanto baianos enfrentam fila de seis meses ou mais

  • Da Mega
  • Atualizado: 18/09/2025, 08:27h

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) divulgou nesta terça-feira (16) que mais de 33,5 milhões de brasileiros já possuem a nova Carteira de Identidade Nacional (CIN). A data foi escolhida para celebrar o Dia Nacional da Identidade Civil, comemorado em 16 de setembro, e também para destacar experiências bem-sucedidas em todo o país – como a do município de Novo Santo Antônio, no Piauí, que se tornou o primeiro do Brasil a alcançar 100% da população documentada com a nova identidade.

Com pouco menos de 3 mil habitantes, a cidade emitiu 2.886 CINs, incluindo crianças de 0 a 12 anos, que representaram 18,2% das emissões. Para muitas delas, esse foi o primeiro documento oficial com foto, um passo essencial para o acesso a serviços públicos e programas sociais. O Piauí, com esse resultado, passou a liderar o ranking nacional de emissão proporcional, alcançando 40% de cobertura estadual.

O governo federal ressalta que a CIN traz benefícios importantes para os cidadãos, como a padronização nacional do documento, validade de dez anos e versão digital disponível no aplicativo Gov.br, que pode ser usada em viagens e para simplificar o acesso a políticas públicas.

Mas, se no Piauí há o que comemorar, na Bahia a realidade é bem diferente. Apesar de o estado ter emitido mais de 1,2 milhão de CINs desde julho de 2023, os baianos enfrentam enormes dificuldades para agendar o atendimento nos postos do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC). Há relatos de espera de até seis meses – tempo suficiente para levar muitos a desistirem de tentar.

O estudante universitário Caique Amorim, de 27 anos, conta que tenta marcar um horário há cinco meses, sem sucesso. Ele perdeu o antigo RG, danificado pela chuva, e hoje vive sem nenhum documento físico. “Já entrei no site mais de dez vezes e nunca encontro vaga. Sem identidade, não consigo fazer nada”, desabafa.

Situação parecida vive o analista de atendimento digital Douglas Dórea, 29 anos, cuja identidade venceu em dezembro. Sem tempo para viajar até sua cidade natal, Santo Amaro, para tirar um RG antigo, ele depende exclusivamente da CIN – que não consegue agendar. “É desesperador. A gente sabe que o documento é obrigatório, mas o sistema não ajuda”, lamenta.

A Secretaria da Administração do Estado da Bahia (Saeb) reconhece a alta demanda, mas lembra que o RG antigo segue válido até 2032, e que a troca para o novo modelo não é urgente. Segundo a pasta, há mais de 50 mil carteiras prontas que não foram retiradas pelos cidadãos. A Saeb ainda destaca que está ampliando a capacidade de atendimento – hoje em torno de 151 mil emissões mensais – com medidas como atendimento aos sábados em Salvador, horários estendidos em shoppings e a equipe do SAC Itinerante, que leva o serviço a comunidades mais distantes.

A diferença de cenários mostra que, enquanto alguns municípios conseguem organizar mutirões e garantir que toda a população tenha acesso ao novo documento, outros ainda precisam superar barreiras tecnológicas e estruturais para garantir o direito à identificação civil de forma ágil e igualitária.

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