“Foi uma das grandes paixões da minha vida e eu da dele”, assume Ney Matogrosso sobre romance com Cazuza

  • Danilo Souza
  • Atualizado: 11/08/2025, 02:48h

Dois dos maiores nomes da música brasileira, Ney Matogrosso e Cazuza viveram um romance curto, mas muito intenso na década de 80. “A gente teve algo muito forte mesmo, por isso falo dele até hoje, foi um magnetismo que não tem explicação. Nós namoramos três meses, mas o amor ficou para a vida toda”, recordou Ney sobre o namoro.

Segundo o próprio cantor, em sua autobiografia “Ney Matogrosso: Vira-lata de raça”, Cazuza foi a pessoa que lhe despertou o desejo de estar em um relacionamento com afeto e não só sexo, o que era o comum na vida de Ney até então. “Antes do Cazuza, a única coisa que eu sabia oferecer a qualquer pessoa era meu corpo, puro sexo. Foi ele quem abriu essa porta do amor, quebrou a minha resistência para uma relação afetiva. Era uma relação profunda e apaixonante…”, relembra.

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Ney Matogrosso, de certa forma, também tem crédito no sucesso do Barão Vermelho. Ele regravou a canção “Pro Dia Nascer Feliz”, que tocou muito nas rádios e em seguida deu espaço para a versão original da faixa, interpretada por Cazuza e os quatro barões – Frejat, Guto Goffi, Dé Palmeira e Maurício Barros – e que foi o primeiro grande hit da banda. “Quando Cazuza ia nos meus shows, para provocá-lo, eu cantava: ‘Fodia pra ser feliz’. Ele ria, achava engraçado”, conta Ney de forma bem humorada.

Cazuza foi filho de um dos maiores empresários da música do Brasil, o João Araújo, fundador da gravadora Som Livre. Mesmo já sendo um grande nome e incluído na indústria, Ney Matogrosso lembra que o primeiro contato com a família de Cazuza se deu não com o pai, mas sim com a mãe, Lucinha.

“O curioso foi que conheci primeiro a mãe dele, Lucinha Araújo, numa loja comprando conchas, e ela me disse que tinha um filho, com cerca de 13 anos, que a avó prendia o cabelo dele com rabo de cavalo, chamava o menino de ‘meu Ney Matogrosso’ e pedia para ele cantar.”

Já o primeiro contato entre Ney e Cazuza – que na época ainda não era um cantor – aconteceu em uma praia, da mesma forma que é retratado na cinebiografia “Homem com H”. “Cazuza era um rapaz muito doce, amoroso, afetuoso e dengoso, ao contrário da imagem pública dele com um comportamento agressivo e louco provocado pelo álcool”.

O intenso caso de amor de Cazuza e Ney Matogrosso - Aventuras na História

Ney Matogrosso e Cazuza, visivelmente debilitado, em 1988. Foto: Reprodução

O relacionamento com Cazuza mudou a forma como Ney enxergava as relações. No livro, ele chega a se definir como um “ninfomaníaco” – uma pessoa viciada em sexo – o que ficou diferente após a chegada do vocalista do Barão em sua vida. O sexo permaneceu, mas com a opção do afeto a partir do encontro dos dois.

“Antes do Cazuza, a única coisa que eu sabia oferecer a qualquer pessoa era meu corpo, puro sexo. Foi Cazuza quem abriu essa porta do amor, quebrou a minha resistência para uma relação afetiva. Era uma relação profunda e apaixonante, muito mesmo, com ele passei a admitir internamente a possibilidade de viver um relacionamento amoroso pela primeira vez, de vislumbrar construir uma história com alguém, acreditar na existência de um amor duradouro rompendo a divisão entre o sexo e o afeto.”

Mesmo depois do término, os dois continuaram amigos por toda a vida. Com Cazuza já em sua carreira solo, Ney assinou a direção do show “O tempo não pára”, gravado em 1988. “Acompanhei Cazuza até o final, em 7 de julho de 1990, quando ele partiu. Eu e Cazuza nos amamos até o fim da vida dele, amor com presença e sem sexo. Depois acompanhei sua mãe, quando Lucinha fundou a Sociedade Viva Cazuza para dar apoio a crianças portadoras do vírus HIV”.

A faixa “Poema”, um dos grandes sucessos da carreira de Ney Matogrosso, foi escrita por Cazuza em homenagem à sua avó paterna. Lançada em 1999, e sempre presente no repertório de Ney, a canção marca a ligação entre os dois cantores, que transcendeu a vida. “Anos depois da partida dele, eu gravei ‘Poema’, versos lindos que ele escreveu para a avó paterna em 1975, quando tinha 17 anos de idade. Toda vez que canto essa canção do Cazuza no meu show, lembro dele com muito amor”.

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