O que cresci ouvindo: Danilo Souza fala sobre os discos que mudaram a sua relação com a música
A música faz parte da minha vida desde os meus primeiros anos. Em uma mini-biblioteca, que foi do CD para o digital, tenho uma variedade de álbuns que vão do rock progressivo do Pink Floyd até o forró da banda Calcinha Preta e o arrocha de Pablo. Posso dizer que ao longo dos meus quase 22 anos eu ouvi bastante coisa…
Foi daí que tirei a ideia desse mini-quadro, que, na verdade, vai ser dedicado aos artistas, principalmente da cena independente de Vitória da Conquista e do país inteiro. Mas para começar vou me permitir ser um pouco egoísta e falar um pouquinho de cinco discos que mudaram a minha própria vida em pelo menos um aspecto – musical, psicológico, filosófico…
Leia a seguir.
Guns N’Roses – Appetite for Destruction (1987)
O disco de estreia do Guns atravessou gerações na minha família. O conheci através do meu pai, que tinha uma cópia em CD e que colocava para tocar quando eu era criança, por volta dos meus quatro ou cinco anos. Entre as minhas faixas favoritas, claro, está a clássica “Sweet Child O’Mine” e o seu solo inicial, mas, depois que cresci, passei a gostar mais de “Welcome To The Jungle”. Ainda há outros destaques como “It’s So Easy”, “Mr.Brownstone” e “Nightrain”, que me fizeram bater cabeça e tocar guitarra imaginária lá em casa. Este disco foi o meu primeiro contato com o rock e me direcionou para ouvir outros estilos dentro do gênero posteriormente – que também descobri no meio dos CDs do meu pai.
Nirvana – Nevermind (1991)
O que falar de um disco que simplesmente começa com “Smells Like Teen Spirit”, um dos maiores sucessos da história da música? O segundo álbum do Nirvana, o Nevermind, lançado em 1991, chegou aos meus ouvidos por volta de 2009, quando eu tinha seis anos.
Logicamente, morando no interior da Bahia e sem acesso fácil a internet, não entendia nada das letras em inglês, mas aquele som já dizia tudo. Era uma mistura de revolta e aquele movimento do “faça você mesmo”, uma sonoridade crua, direta, potente… foi uma dualidade interessante para minha cabeça, até então familiarizada com os solos de guitarra do Slash no Guns, acompanhar aquele frenesi das baterias do Dave Grohl, os baixos do Krist Novoselic e os vocais que rasgavam a garganta do Kurt Cobain.
Vou ser honesto com os destaques na minha opinião: quase todos! Aquela sequência entre o começo e o fim, que vai de “Smells Like Teen Spirit” (faixa um) até “Drain You” (faixa oito) – com exceção da faixa seis, “Polly”, calma no instrumental, mas pesada na letra – é uma pancada! Mas não seria exagero citar o disco todo, viu…
Pena que durou pouco. O Nirvana só gravou mais um álbum, o “In Utero”, que eu não tive tanto acesso como foi com o “Nevermind”. Em 1994, nove anos antes de eu nascer, o grupo acabou após a morte do líder Kurt Cobain. Relembre essa história clicando aqui.
Pink Floyd – The Dark Side of The Moon (1973)
Esse disco é o meu favorito da vida inteira, uma coisa que chega a um nível que prefiro que falem mal de mim do que dele – risos. Mas é super justo; The Dark Side Of The Moon é uma referência em conceito, sonoridade, lírica e produção. O álbum ganhou um significado maior para mim na transição entre a adolescência e o começo da vida adulta, quando eu tinha 19 anos, e comecei a compreender melhor os temas abordados nas faixas, como o tempo (ou a falta dele…), em “Time”, a ganância, em “Money” e toda essa ideia de encontrar a loucura ao explorar o lado escuro de si.
Não sou só eu que acho que o The Dark Side é o melhor disco do Pink Floyd. Dois dos quatro membros da banda já afirmaram isso em entrevistas ao longo de suas vidas. Clique aqui e saiba quem foram eles.
Red Hot Chilli Peppers - Live At Slane Castle (2003)
Bom, na verdade, este é um DVD e não necessariamente um disco… mas conta, né? Acho que é uma das melhores apresentações ao vivo que eu já vi na vida. As “jams” – os improvisos feitos antes de começar alguma música da lista – de John Frusciante e Flea soavam como telepatia, parecia que eles tinham acesso ao pensamento um do outro e acertavam a melhor nota na guitarra e no baixo ao mesmo tempo. Anthony Kiedis, vocalista, acompanhava a dupla com sua presença de palco, enquanto Chad Smith, baterista, funcionava como a cadência que unia perfeitamente os membros. Aquilo mudou minha forma de ver a música.
O show foi feito um pouco depois do lançamento do disco “By The Way”, mas meus destaques no ao vivo vem de álbuns anteriores. São eles: “Californication” (uma das faixas onde houve jam) e “Under The Bridge”, além de “Havana Affair”, um cover da canção dos Ramones.
Este disco não está disponível no Spotify, mas é possível assistir na íntegra no Youtube. Clique aqui.
Fato curioso: comprei o dvd de uma forma, digamos, não legalizada (leia-se "pirata") por R$1 na feira da minha cidade natal. O que eu queria mesmo era um jogo (também "não legalizado") de Playstation 2, que era um pouco mais caro, e aí não consegui... destino? risos.
Matuê - 333 (2024)
Único brasileiro na minha lista – e que talvez possa ser alvo de ofensas por eu ter escolhido o Matuê no meio de tantos nomes da música nacional – o álbum “333” impactou minha vida desde o seu lançamento, em 9 de setembro de 2024, o que foi um presente e tanto, afinal, essa é a data do meu aniversário.
Muitas coisas presentes nas letras desse álbum se encaixaram perfeitamente com o que estava vivendo naquele momento e sigo vivendo atualmente, já que ainda não se passou nem um ano desde então. Destaco as faixas “O Som”, “Maria” e “Like This”, além da faixa-título, “333”. É um disco sobre uma busca pela evolução pessoal e espiritual para entender o que te faz sentir vivo. Leia mais sobre: Genérico para alguns e revolucionário para outros, “333”, novo álbum do rapper Matuê, é um dos melhores discos do ano