Fechamento de cruzamentos: a infração invisível que trava as cidades

A atitude impensada de alguns motoristas pode ser o motivo de horas perdidas no trânsito. Fechar cruzamentos é infração, causa transtornos e mostra um dos maiores desafios da mobilidade urbana: a falta de consciência.
Foto moonbh.com.br
  • Júnior Patente
  • Atualizado: 27/06/2025, 10:19h

É hora do rush. Um motorista apressado tenta atravessar o cruzamento, mesmo sabendo que o semáforo está prestes a fechar. Ele para bem no meio da interseção e, segundos depois, o sinal abre para os veículos que vêm pela via transversal — mas ninguém se move. Está formado o engarrafamento. A cena, infelizmente, se repete todos os dias nas grandes cidades brasileiras.

O ato de fechar cruzamentos — ou seja, parar o veículo sobre a área de interseção impedindo o fluxo de outras vias — é uma infração prevista no Artigo 183 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Considerada média, ela resulta em multa de R$ 130,16 e quatro pontos na carteira de habilitação. Mas, mais do que a penalidade, o comportamento revela uma grave falha de civilidade e planejamento no trânsito. É uma infração que muitos ignoram ou nem sabem que existe. Só que ela afeta o funcionamento do trânsito como um todo. Uma única atitude dessas pode travar quarteirões inteiros.

Transtornos em cadeia

Segundo especialistas, o fechamento de cruzamentos gera efeitos em cascata: prejudica o transporte público, dificulta a travessia de pedestres, aumenta a emissão de poluentes e eleva o risco de acidentes. Motoristas de ônibus e ambulâncias relatam que muitas vezes ficam presos em interseções bloqueadas por veículos impacientes.

Não adianta avançar se você não tem certeza de que conseguirá liberar a via. O trânsito é feito de fluxos coordenados, e isso exige paciência e respeito.

A pressa que atrasa todo mundo

A cena do motorista apressado não é apenas comum — é também reflexo de uma cultura de impunidade e egoísmo, segundo especialistas em comportamento no trânsito. O paradoxo é evidente: quem tenta ganhar segundos fechando um cruzamento, na prática, faz todos perderem minutos — inclusive ele mesmo.

É como um efeito dominó. Um veículo parado em posição errada trava toda a engrenagem. E o mais absurdo é que isso seria completamente evitável com um pouco mais de atenção e empatia.

O que diz a lei

O CTB é claro: “Parar o veículo na área de cruzamento, prejudicando a circulação de veículos e pedestres” é infração média, punida com multa. O artigo 183 complementa uma série de normas que tratam da fluidez e segurança no tráfego urbano. Mesmo assim, segundo dados do Detran-SP, essa é uma das infrações mais ignoradas e raramente fiscalizadas com rigor.

Cidades como Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo têm investido em campanhas educativas e reforço na sinalização horizontal (como o famoso “X amarelo” pintado no asfalto), mas o problema ainda persiste.

Educar é preciso

A longo prazo, a solução não está apenas na punição, mas na mudança de cultura. Projetos de educação no trânsito nas escolas, campanhas em redes sociais e maior visibilidade para esse tipo de infração são caminhos possíveis.

Temos que lembrar que cada um de nós é responsável por como o trânsito funciona. O volante dá poder, mas também impõe deveres. O espaço público precisa ser respeitado.


Dicas para não fechar o cruzamento

  • Observe o trânsito à frente antes de entrar na interseção.

  • Só avance se houver espaço suficiente para atravessar completamente.

  • Respeite a sinalização horizontal (linhas e marcas no chão).

  • Pense coletivamente: o trânsito é um sistema compartilhado.


Enquanto a pressa e a impaciência ditarem as regras atrás do volante, nossas cidades continuarão reféns de engarrafamentos evitáveis. Fechar um cruzamento pode parecer um gesto pequeno, mas é sintoma de um problema grande: a falta de consciência no trânsito.

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