Noi Soul detalha processo criativo, maternidade e missão poética no podcast Correspondência Literária

A artista Noi Soul mostra alguns de seus livros publicados. Foto: Ane Xavier
O Correspondência Literária recebeu, na última quarta-feira (28), a artista Noi Soul, figura multifacetada de Vitória da Conquista, Bahia, que atua como escritora, poeta, dançarina e atriz. Durante a entrevista, Noi abordou a profunda interligação entre sua vida pessoal, especialmente a maternidade, e o despertar de sua veia artística, além de compartilhar detalhes sobre seus projetos e sua filosofia de criação.
Noi relatou como a maternidade foi um divisor de águas, impulsionando uma reavaliação de sua trajetória profissional e o início de sua imersão no universo artístico em 2018. "Eu comecei a me ver e atuar como artista na cidade em 2018 e, não à toa, é completamente ligada à maternidade," afirmou. Ela explicou que, após o nascimento do filho, começou a "repensar o meu lugar enquanto profissional, de fato, se eu estava num ambiente em que eu estava dando o melhor de mim e que eu estava feliz com isso também, né?" Esse processo de redescoberta levou à escrita de seu primeiro livro, Ventre de Mãe, que explora os paradoxos e as transformações da maternidade.
A artista também discorreu sobre a natureza da vocação artística e o compromisso diário que a profissionalização exige. Citando um de seus diretores de teatro, Wagner Silveira, Soul compartilhou a visão de que "a arte é que escolhe a gente. E a sensação que eu tive naquele momento foi exatamente essa, de ser puxada para a arte." No entanto, ela complementou que a dedicação contínua é crucial: "Só que depois a gente precisa, se realmente, né, quiser ir profissionalmente para a arte, a gente precisa escolher a arte todos os dias, porque não é algo fácil de se lidar quando a gente pensa no profissional, né, realmente."
Entre seus projetos, Noi Soul destacou o "Poesia Todo Dia", uma iniciativa que visa publicar um poema diariamente ao longo de 2025. Ao falar sobre os critérios de seleção para o projeto, ela enfatizou a intenção de levar leveza e reflexão ao público matutino: "O Poesia Todo Dia precisa ser algo que traga, assim, uma alegria, uma reflexão, mas que não seja uma reflexão que deixe a pessoa deprimida também logo de manhã, né?" Soul mencionou que, embora a temática seja livre, certos temas mais "espinhosos" são direcionados a outros projetos, buscando manter o "Poesia Todo Dia" como um "café da manhã com o pessoal."
Ao longo da conversa no Correspondência Literária, Noi Soul também tocou em sua percepção do poder das palavras, descrevendo o mundo da escrita como "realmente mágico" e o escritor como um criador de universos. Abordou sua relação com os "rascunhos não enviados", a importância da vulnerabilidade no processo criativo e sua visão sobre a cena literária local, que considera promissora, movida por uma "esperança de Paulo Freire, de esperançar, de fazer." A artista demonstrou como suas múltiplas facetas se integram, alimentando uma produção artística engajada e em constante diálogo com o cotidiano.
O Correspondência Literária é produzido e apresentado por Ane Xavier, com direção de áudio de Danilo Souza e publicação da Mega.