Câmara discute urgência de investimentos nos acessos da cidade

Foto: ASCOM Câmara
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  • Atualizado: 29/04/2025, 12:35h

*Por Camila Brito e Fábio Sena

A Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista realizou na noite desta segunda-feira (28) uma audiência pública para discutir a necessidade de intervenções na estrutura viária dos principais acessos da cidade. A audiência foi proposta pelo presidente Ivan Cordeiro e reuniu representantes do Poder Executivo, vereadores, técnicos, dirigentes de órgãos públicos e entidades de classe, além de lideranças comunitárias e empresariais.

O presidente da Câmara, Ivan Cordeiro, abriu a audiência pública afirmando que seu objetivo ao mobilizar lideranças comunitárias e empresariais, além de agentes políticos e técnicos, foi assegurar que o debate alcançasse a população, que deve estar inserida nas discussões sobre a urgência de intervenção nos principais acessos da cidade.

“Tenho a convicção de que já alcançamos uma situação crítica, com muitas famílias perdendo seus entes, a insegurança reinando e não há respostas efetivas do Governo Federal. Precisamos unir forças se queremos verdadeiramente solução emergencial para esse drama. Câmara, Prefeitura, entidades de classe, associações, todos devem se unir em defesa desta causa”.

Ivan Cordeiro que já iniciou conversações com o gabinete da deputada federal Lídice da Mata, coordenadora da Bancada Baiana na Câmara Federal, para discutir a possibilidade de envio de emenda de bancada para construção de viadutos nos pontos críticos do Anel Viário e na BR-116. “Vamos envolver quantos atores forem necessários. Esta luta deve incluir todas as pessoas”.

A prefeita Sheila Lemos afirmou que é preciso pensar o trânsito em termos de “mobilidade humana”, no lugar de mobilidade urbana, pois é preciso pensar nas pessoas e na importância da proteção à vida. Segundo a gestora, a cidade não deve aceitar improvisos, mas ações definitivas. “Está na hora de pensarmos em um novo anel viário pra Vitória da Conquista. Este que temos já é rodoanel”, afirmou. 

A gestora afirmou que, nos últimos oito anos, foram investidos mais de R$ 250 milhões em obras de infraestrutura urbana, investindo inclusive com recursos provenientes de emendas parlamentares. Segundo ela, uma cidade com boa infraestrutura consegue atrair empresas, acrescentando que “precisamos de emprego pro nosso povo e hoje temos uma cidade travada por causa desses acessos do anel viário”. 

“A gente não pode querer nada meia-boca pra nossa cidade’, afirmou a prefeita, afirmando que “já estamos numa situação em que a população perdeu a paciência por causa da morte de tantas pessoas nos diversos acessos”. Segundo ela, é preciso que a cidade abrace a defesa da duplicação da BR-116, mas lembrou que, embora não seja o ideal, medidas paliativas adotadas nas saídas para Barra do Choça e Anagé acabam salvando vidas. “O que não dá é pra todo dia ter gente chorando por morte nessas guilhotinas que nós temos. Foi ótimo, Ivan, você fazer a audiência antes da reunião da ANTT, porque permite que a gente alinhe o discurso”, disse.

O deputado Estadual Tiago Correia (PSDB) lembrou que o tema é de destaque nacional, pois a BR-116 é um dos mais importantes eixos de ligação do país, cortando a cidade de Vitória da Conquista. “A cidade não tem uma passarela, municípios menores que Conquista já tem. Depois da construção do anel viário, que inicialmente não previu a construção de viadutos, veio a concessão da Via-Bahia, que também não previa, um tema que sempre provocou incômodo na sociedade conquistense”. 

Segundo o parlamentar, a cidade perdeu a oportunidade de ter a duplicação da BR-116 e a construção dos viadutos pelo Governo Federal por irresponsabilidade da Via-Bahia, considerando o contrato com a antiga concessionária a pior concessão feita no país. Tiago Correia enfatizou o comprometimento da Assembleia Legislativa com a questão e chamou atenção para a necessidade de expandir a movimentação em torno dos investimentos emergenciais, pois o tema vai além dos interesses da cidade, afirmou.

O representante do Movimento Duplica Sudoeste, Zé Maria Caires, salientou a importância da participação popular no debate que, segundo ele, poderá ser ainda mais aprofundado no evento que acontecerá no próximo dia 8 de maio, com a presença de representantes do Ministério dos Transportes e da ANTT. 

“Irão apresentar o edital da nova concessão da BR-116. Quero conclamar a todos os vereadores e pessoas de bem que querem o bem de Vitória da Conquista para participarem. Corremos o risco dessa audiência e dessa apresentação do edital serem mera formalidade”, disse, enfatizando que a comunidade pode e deve participar da construção do edital, que é de interesse de todos.

A representante do SEST/SENAT, Karine Cardoso, enfatizou o papel educativo e social do transporte, informando que a entidade oferece cerca de 800 capacitações certificadas, nas quais buscam levar acessibilidade a todas as pessoas de forma humanizada e responsável. 

Para Karine, o trabalho de construção de uma sociedade segura e acessível passa pela promoção da segurança viária, mobilidade urbana e inclusão, tornando os espaços acessíveis. 

“O SEST/SENAT convida a população conquistense ou conquistada, como eu, para que nos unamos, e transformar Vitória da Conquista em uma região de modelo de cidade acessível onde a mobilidade seja pensada e planejada para todas as pessoas”, afirmou.

O engenheiro Fernando Gomes afirmou que é urgente a construção de uma viaduto no trecho conhecido como “Trevo da Morte”, que dá acesso ao Distrito Industrial dos Imborés, onde é alto o índice de sinistros. Ele ponderou que, tecnicamente, já estão esgotadas quaisquer soluções de passagem em nível. 

“É preciso solução em desnível. Não vamos nos contentar com soluções paliativas em nível, porque essas soluções já caducaram. É preciso levar o assunto às autoridades do governo federal porque não há valor para a vida humana. Não é possível conviver com esse estado de coisas”, afirmou.

Fernando Gomes ressaltou que os profissionais locais, o governo e a Emurc já estiveram na vanguarda de grandes obras, inclusive formalizando convênios com órgãos federais, para obras de travessia urbana, recuperação da Barragem de Água Fria em momento de grave crise hídrica e recapeamento de estradas.

“É uma cidade vigorosa, altiva, importante, num espaço de tempo recente e mesmo remotamente essa cidade já deu demonstrações de pujança e liderança e interveio em questões técnica e políticas. É preciso retomar o protagonismo de Vitória da Conquista, que tem cabeças pensantes e competentes em todas as áreas de conhecimento”.

Raoni da Silva Correia, inspetor-chefe do CREA, enfatizou que a infraestrutura vária é o carro-chefe do desenvolvimento local e que a cidade já não comporta os quase 170 mil veículos que circulam pelas ruas. “Problema sério que é a ocupação da área interna do Anel Viário, com menos de 20% da área a ser ocupada. Um dos gargalos é a saída para Itambé: 28 mil veículos passam por ali diariamente. O que precisa é mobilização da sociedade e empenho da classe política", enfatizou.

O vigário regional do Vicariato São Lucas, padre Geneildo Almeida Lima, afirmou que o cuidado com a vida é um valor fundamental e que Bíblia ensina o valor inestimável da vida, citando versículos bíblicos e afirmando que “cada vida é uma dádiva divina”. Ele afirmou que a ocorrência de vários acidentes noticiados pelos veículos de imprensa deve gerar indignação. “Não se deve aceitar de forma passiva”, afirmou. 

Segundo ele, Vitória da Conquista enfrenta inúmeros desafios no trânsito, especialmente nas principais avenidas da cidade, com o registro de milhares de acidentes envolvendo motocicletas, motoristas e pedestres. “São necessárias ações concretas e compromisso. Não podemos ser negligentes”, defendendo maior investimento em infraestrutura viária, sinalização, faixas de pedestres e, principalmente, educação no trânsito. 

Representando a Polícia Rodoviária Federal, o perito Jarlan David afirmou que a iniciativa é um ponto de partida para que toda a comunidade possa participar dos debates. Ele citou como trechos críticos os cruzamento da saída para Barra do Choça, da Urbis 6 (saída para Itambé), alça do Anel Viário com acesso ao Bairro Campinhos, a saída para Anagé e o trevo de acesso ao distrito industrial, nos quais ocorrem constantes acidentes de natureza grave. 

Segundo ele, há uma conjunção de fatores e que não podem ser solucionados apenas com atividade de fiscalização, sendo necessário reavaliar o comportamento do condutor. “Uma questão ampla que a gente lida no dia a dia, e a discussão tem que ser iniciada e levada à frente. É triste terminar o plantão e notificar um acidente com morte. Assim como fico muito feliz ao terminar o plantão e ver que não houve acidente, é um troféu que levo para casa. O debate traz coisas positivas e a cidade só tem a ganhar com isso”, disse.

Discutir melhorias na mobilidade é aspecto indispensável, afirmou Antonia Bizerra – gerente regional do SESI e articulador da FIEB –, destacando a importância de investir em mobilidade urbana para atrair novos empreendimentos. “Melhorar a fluidez do tráfego e aumentar a segurança nos cruzamentos mais críticos, facilitando a mobilidade em áreas industriais e residenciais, é algo fundamental”.

Antonia destacou o interesse da indústria por cidades que ofereçam condições de desenvolvimento econômico, o que se torna possível quando existem investimentos em logística, que promovem maior fluidez no trânsito. Segundo ela, se a cidade não cuidar da mobilidade, em breve terá a mesma realidade de algumas capitais. “Atração de novos investimentos, um ambiente de negócios favoráveis, infraestrutura mais eficiente, e melhoria da imagem institucional, melhoria da qualidade de vida das pessoas, tudo isso passa por investimentos em mobilidade”, disse.

Para José Luís Mendes de Andrade, presidente da Associação das Indústrias de Vitória da Conquista/Ainvic, a cidade teve um avanço nas cobranças com a mobilização da sociedade e da classe política, mas chegou o momento das soluções. O empresário relatou a situação do acesso ao Centro Industrial, segundo ele um dos trechos mais preocupantes. 

“Um problema que aflige e ceifa muitas vidas, funcionários e moradores. Dados da Via-Bahia mostram que de 2010 a 2024 ali morreram 59 pessoas. São dados horríveis. Só ano passado foram 8 vidas”, disse, lembrando que a rotatória foi construída na década de 70, quando o fluxo de veículos era bem menor que o da atualidade, salientou que a infraestrutura precisa vir antes da necessidade.

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