Dia Nacional do Jornalista: Mulheres jornalistas receberam a maioria dos ataques nas eleições municipais do último ano
A Coalizão de Defesa do Jornalismo (CDJor) divulgou, em dezembro do último ano, um relatório que retrata os ataques sofridos por profissionais da imprensa durante a cobertura das eleições municipais de 2024. O público feminino recebeu mais da metade das retaliações, com quase 51%.
O documento, feito em parceria com o Laboratório de Internet e Ciência de Dados (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santos (UFES) e o Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) Rio mostra que as mulheres foram as principais vítimas de insultos e outros tipos de violência ao longo do período monitorado, entre 15 de agosto e 27 de outubro.
No Instagram, 68,3% dos ataques realizados foram direcionados a mulheres, enquanto no X, o antigo Twitter, a estatística é de 53%. Os comentários foram majoritariamente feitos por homens e, em grande maioria, apresentam um conteúdo misógino ou que envolva a aparência das jornalistas.
A jornalista Vera Magalhães, da CBN, que também é âncora do Roda Viva, da TV Cultura, foi a mais insultada, recebendo 1706 menções com algum tipo de violência.
Ao trazer dados mais gerais e que também englobam os homens, um outro aspecto presentes nos ataques foi o racismo. Um dos casos aconteceu com o jornalista Pedro Borges, do portal Alma Preta Jornalismo, que recebeu comentários nas redes sociais sobre o seu cabelo black power após o episódio do Roda Viva com o então candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal.
Mais de 57 mil ataques foram realizados de forma virtual. Um ponto em comum foi o uso de termos como “militante”, “lixo” e “fake news”, direcionados para os jornalistas ou para se referir ao veículo de comunicação em que atuam, em uma tentativa de tentar deslegitimar estes profissionais. Já de forma presencial, foram registrados onze situações de violência física ou verbal contra jornalistas. Em 63,6% dessas situações, os agressores eram agentes políticos ou representantes do Estado.