Cine Movimenta Centro: com o longa “Que Horas Ela Volta?”, refletimos sobre a desigualdade social e os vínculos entre mães e filhos

  • Danilo Souza
  • Atualizado: 12/02/2025, 11:35h

Nesta terça-feira (11), em mais uma sessão do Cine Movimenta Centro, projeto que transmite filmes regionais e nacionais de forma gratuita nos Centros de Cultura de cinco cidades da Bahia, foi exibido o contemplado longa “Que Horas Ela Volta?”, estrelado por Regina Casé, e que em quase duas horas nos faz refletir sobre as desigualdades sociais, os vínculos maternais e os sacrifícios feitos pelas mães para oferecer melhores oportunidades de vida aos seus filhos.

Como de costume, antes do longa há a exibição de um curta. O escolhido dessa vez foi “Andrômeda”, dirigido por Lucas Gesser, que aborda sobre o fim de um relacionamento que percorre a relação contemporânea com o passado, a nostalgia e a falta de expectativas para o futuro. Com questões existenciais, como o “vazio” após a perda de alguém, em menos de 15 minutos é desenvolvido acerca da ausência e como ela não pode ser substituída. O que fica é o buraco sendo observado, uma dilaceração interna que não há costura possível; invisível e ao mesmo tempo tátil.

De certa forma, o tema do curta se interliga com a história de “Que Horas Ela Volta?”, dirigido por Anna Muylaert, mas com vínculos entre mães e os seus filhos. Val, a personagem principal da história, interpretada por Regina Casé, é uma empregada doméstica que saiu de Pernambuco para trabalhar em São Paulo numa casa de uma família de classe média alta, deixando a sua filha, Jéssica, para trás em busca de melhores condições financeiras e oportunidades para as duas. Ela não acompanha o crescimento da sua própria filha, mas acompanha o de Fabinho, filho da sua patroa, Bárbara.

Passando pouco tempo em casa por conta do seu trabalho como estilista de moda, Bárbara acaba sendo pouco presente na vida de Fabinho, que se percebe mais próximo de Val, chegando a tratar como uma “avó”, do que da sua mãe.

Val e Fabinho, personagens do longa "Que Horas Ela Volta?". Foto: Globo Filmes

Já crescida e vivendo a época de vestibulares, Jéssica embarca para São Paulo e passa a morar com a mãe, que vive na casa dos seus patrões em um quarto pequeno. A relação entre todos da casa começa a ficar conturbada quando a garota começa a ter comportamentos que a sua mãe não concorda, como tomar café na mesma mesa que os patrões, em horários diferentes, usar a piscina ou até mesmo dormir no quarto de hóspedes, que fica vazio na maioria do tempo, coisas que Val nunca se ousou a fazer.

Jéssica se questiona por qual motivo a sua mãe aceita essas condições, que, na verdade, foi o que trouxe a estabilidade financeira para a sua família ao longo dos anos. Decidida em cursar Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), a menina se dedica aos estudos e consegue a vaga no vestibular, fazendo com que todo o esforço e a ausência da sua mãe por mais de dez anos – mas que continuava mandando dinheiro para a mensalidade da escola –  tenha resultado em uma recompensa. Para comemorar, orgulhosa da filha, Val, pela primeira vez, decide entrar na piscina dos seus patrões.

Um “plot twist” inesperado é que Jéssica já havia se tornado mãe sem que Val soubesse, também deixando o seu filho em Pernambuco ao ir para São Paulo tentar a vaga no vestibular e melhorar de vida, seguindo uma história parecida com a sua própria, enquanto criança. Já morando de aluguel em outra casa, após desavenças entre as famílias, a empregada decide pedir demissão e dedicar-se totalmente aos cuidados do seu neto, o trazendo para São Paulo e evitando que outra criança da sua família cresça longe de uma mãe.

Jéssica e Val, personagens do longa "Que Horas Ela Volta?". Foto: Globo Filmes

Comentários


Instagram

Facebook