Vitória da Conquista registra queda na cobertura vacinal contra a Poliomielite em 2024
Foto: @Fernando Frazão/Agência Brasil
A recente Campanha de Vacinação contra a Poliomielite, que encerrou na última sexta-feira (14), evidenciou uma queda significativa na adesão do público-alvo em Vitória da Conquista.
Dados fornecidos pela Coordenação de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) à Mega revelam que 8.260 crianças de até quatro anos foram vacinadas contra a poliomielite, o que corresponde a 33,95% do total de 24.328 crianças dessa faixa etária no município. A meta estabelecida pela campanha era vacinar pelo menos 95% do público-alvo, segundo a Prefeitura.
Para efeito de comparação, na campanha realizada em 2022, foram vacinadas 15.268 crianças de um a menores de cinco anos, representando uma cobertura de 79,71% do público de 19.154 crianças, à época. Naquele ano, a média de cobertura vacinal do município superou as médias estadual e nacional, que foram de 58,64% e 62,50%, respectivamente.
Em 2016 foi o último ano em que o índice de cobertura vacinal da poliomielite no Brasil atingiu 90%. Desde então, este número vem caindo gradativamente. Segundo o Ministério da Saúde, em 2022, a cobertura vacinal do país para essa doença foi de 77,16%, muito abaixo da taxa de 95% recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para impedir a circulação do vírus.
A sétima edição do International Symposium on Immunobiologicals (ISI), promovido pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Bio-Manguinhos/Fiocruz, no Rio de Janeiro e realizada em maio do ano passado, fez um alerta para o risco alto da volta da poliomielite ao Brasil. A doença, erradicada no país desde há 35 anos, pode matar ou provocar sequelas motoras graves.
De acordo com o site Agência Brasil, a presidente da Câmara Técnica de Poliomielite do Ministério da Saúde, Luiza Helena lembrou no simpósio que as vacinas muitas vezes são subestimadas por conta da ausência de casos que ressaltem a gravidade das doenças que a vacina é capaz de erradicar. “Hoje ninguém mais viu um caso de pólio. Não se tem essa noção de risco enorme, mas ele existe. E não tem milagre, nem segredo. Tem que vacinar.”
Ainda de acordo com a Agência Brasil, a pesquisadora mencionou um estudo do Comitê Regional de Certificação de Erradicação da Poliomielite de 2022, realizado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O estudo identifica o Brasil como o segundo país das Américas com maior risco de reintrodução da poliomielite, ficando atrás apenas do Haiti.
Nos últimos anos também vem crescendo no Brasil e no mundo movimentos negacionistas contra a ciência. O Pew Research Center, centro de pesquisa norte-americano, realizou um estudo em 2019 para medir a confiança dos países em relação à ciência. Segundo o resultado, o Brasil foi apontado como o país com a maior proporção de pessoas que não confiam em cientistas. De acordo com a pesquisa, 36% dos brasileiros afirmaram ter pouca ou nenhuma confiança em pesquisadores científicos.
Apesar de parecerem sem relevância, os movimentos antivacinas têm impactos diretos na saúde pública, afetando diretamente a proteção coletiva contra doenças infecciosas, e que coincidem com a queda na adesão às campanhas de vacinação. A falta de vacina pode resultar no ressurgimento de doenças erradicadas no Brasil e no mundo, aumento da morbidade e mortalidade que podem ser evitadas, além de sobrecarregar o sistema de saúde com custos adicionais. Apesar de serem aplicadas individualmente, as vacinas têm conmo objetivo central o bem comum.