Professores da UESB paralisam atividades contra o arrocho salarial
Foto: Reprodução
Depois de sete anos sem reposição da inflação, metade do salário dos professores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) foi corroído pela inflação. O governo da Bahia se recusa a negociar, uma quebra de acordo com a categoria. Em protesto, os professores da UESB vão suspender suas atividades, nesta quarta-feira (27). A paralisação é conjunta e também acontece nas demais Universidades Estaduais da Bahia.
Um café da manhã será realizado a partir das 7h, em frente aos portões da UESB para denunciar o arrocho salarial da categoria. Professores das quatro Universidades Estaduais da Bahia (UESB, UESC, UNEB, UEFS) farão um ato público, na Praça da Piedade, em Salvador, às 14h.
Arrocho salarial
Em janeiro, o Estado da Bahia autorizou um aumento de 4% aos servidores públicos, além de um aumento de R$ 100 a R$ 300 aos professores das Universidades Estaduais, conforme a carga horária de trabalho. Mesmo somados, os ganhos variam entre 7% e 9%, percentual muito abaixo da inflação acumulada do período, cerca de 50%. Além de insuficiente, o reajuste por carga horária também fere a estrutura da carreira, conforme o Estatuto do Magistério Superior (lei 8.352/02)
O presidente da Associação dos Docentes da UESB (ADUSB), Alexandre Galvão, considera a situação inconcebível, pois “professores de Universidades Estaduais de norte a sul do Brasil receberam reajuste igual ou superior à inflação do ano passado, o que não aconteceu conosco. O alto preço dos alimentos, dos combustíveis e o aumento da inflação de modo geral, também afeta os professores da UESB. Perdemos nosso poder de compra praticamente pela metade nos últimos sete anos”.
Não falta dinheiro
Na Bahia, houve crescimento de arrecadação, inclusive com aumento significativo da arrecadação dos impostos estaduais, cerca de 25%. Apesar de toda crise social com a alta da inflação, os governos estaduais arrecadam mais nestes momentos, mesmo sem aumentar impostos.
Os dados do Portal da Transparência revelam que há uma queda vertiginosa no percentual utilizado para o pagamento de pessoal do Poder Executivo. A Lei de Responsabilidade Fiscal aponta como limite prudencial o uso de 46,17% da receita para esta finalidade e 48,6% como limite máximo. Em 2018, o Estado da Bahia utilizou 45,64% dos recursos para pagamento de pessoal. No ano seguinte, o índice passou a 43,32% e, em 2020, para 40,48%. Enquanto os servidores estaduais amargaram um longo período de congelamento salarial, no ano de 2021, momento da decisão de finalmente realizar o reajuste, o gasto com pessoal ficou em 35,13%, cerca de 10% abaixo do limite prudencial.
Alexandre Galvão ressalta que “estamos em busca de diálogo e não estamos obtendo retorno. Ao final da nossa greve em 2019, o governo assinou um acordo, que previa mesa de negociação permanente, mas não tem cumprido com a sua parte, mesmo com nossas inúmeras tentativas, por isso estamos mobilizados”.