CONQUISTA: Câmara debate importância da prática de voleibol como instrumento de inclusão social
Foto: Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista
Na tarde desta terça-feira, 26, a Câmara Municipal de Vitória da Conquista promoveu uma audiência pública para debater a importância do esporte, com ênfase no voleibol enquanto instrumento de inclusão e cidadania, sobretudo para a formação de atletas profissionais no município.
A iniciativa partiu do mandato do vereador Fernando Jacaré (PT), que aponta o esporte como importante ferramenta de transformação social. “O esporte contribui na diminuição de desigualdades e dá oportunidade para a formação de futuros atletas”, afirmou. Jacaré ainda destacou a paixão dos brasileiros por essa modalidade esportiva. “O vôlei é o segundo esporte mais praticado pelos brasileiros, contando com mais de 15 milhões de praticantes”, ressaltou.
Para promover esse debate, foram convidados o coordenador de esportes de Vitória da Conquista, Luciano Pina, o educador físico Mahatma Leite, a esportista e professora Maria Ivone Novaes, o médico esportivo Danilo Ladeia, o professor José Jackson Reis e o empresário Gabriel Fernandes, do Centro de Treinamento Praia Conquista.
Voleibol, um modificador social - O atleta, técnico de voleibol e professor Mahatma Leite falou sobre a importância da prática de esportes para o bem-estar e a saúde da população. Em sua exposição, ele buscou diferenciar o que seria a atividade física, exercício físico e o esporte. Segundo ele, o primeiro está baseado na prática de alguma atividade além da linha de repouso, o exercício físico é uma atividade planejada, enquanto o esporte é uma atividade física competitiva que tem como objetivo, ganhar do adversário.
No decorrer do seu discurso, Leite falou sobre a história do voleibol e seu derivado, o vôlei de praia. Para ele, atualmente "a gente não está conseguindo produzir atletas como antes", disse ao se referir à qualidade do vôlei no Brasil. O técnico ainda lastimou a ausência de medalhas do vôlei de praia, nas Olimpíadas Tóquio 2020, visto que foi a primeira vez que nenhuma categoria conseguiu ganhar medalhas. Para finalizar, ele abordou essa prática esportiva como uma ferramenta de modificação social.
É preciso pensar a questão do esporte nas escolas - A professora e esportista Maria Ivone Novaes iniciou a fala destacando a necessidade de se discutir sobre o esporte, especificamente do voleibol, em Vitória da Conquista. Ela fez uma explanação das suas experiências com o vôlei ao longo dos anos e, nesta perspectiva, afirmou que é perceptível a desvalorização do esporte nas escolas municipais de Vitória da Conquista: “eu comecei a jogar vôlei com 13 anos de idade e é preciso entender que jogo é diferente de esporte. Nas escolas muitos alunos questionam a prática do vôlei, já que a educação física é direcionada para outras práticas esportivas, como o futebol, por exemplo”.
A esportista também destacou os benefícios da prática do vôlei em todo o Brasil e salientou a questão do patrocínio e dos investimentos nos atletas. “O apoio, o patrocínio ao esporte é fundamental. Aqui na Bahia existem associações do vôlei amador e aqui em Conquista existem equipes que não recebem remuneração”, destacou.
Por último, Ivone destacou a importância de ampliar os espaços para a prática do voleibol em Vitória da Conquista: “É preciso sair das escolas e praticar o vôlei nas praças, nos estádios e divulgar essa prática esportiva para estudantes. Você não precisa praticar o vôlei, mas pode assistir, o importante é estar presente e envolvido com o esporte”, finalizou.
A prevenção que pode evitar sete milhões de mortes - O médico Danilo Ladeia, mestre em Medicina Esportiva, destacou a importância do exercício físico como medida de prevenção e enfrentamento a doenças que mais acometem os brasileiros. “A atividade física regular é fundamental para prevenir e controlar doenças cardiovasculares (como infarto, AVC e pressão alta), diabetes tipo 2 e diferentes tipos de câncer”, alertou. Nesse sentido, ele destacou a importância do exercício físico. “Pequenas mudanças já representam grandes avanços. Bastam 60 minutos de exercício físico para conseguirmos reduzir a incidência das doenças cardíacas, metabólicas e respiratórias”, afirmou.
O médico destacou ainda um levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), apontando que se os países de baixa e média renda investissem US$ 1 por pessoa, eles economizariam cerca de US$ 3 nas ações de saúde, como prevenção de doenças crônicas, a exemplo de diabetes, e cerca de sete milhões de mortes poderiam ser evitadas até 2030, segundo o médico. “Em nove anos, a economia gerada poderia ser de US$ 230 bilhões”, pontuou.
Fomento à prática esportiva - Representante do Centro de Treinamento (CT), Arena Beach Sunset, Igor Dourado, pautou a necessidade de fomento ao esporte em Vitória da Conquista. Para ele, ainda falta incentivo no município para que os jovens pratiquem esportes. "Nossa intenção é fomentar o esporte na cidade", declarou. Ao falar sobre a Arena como um lugar para a prática esportiva, ele destacou os esportes lá praticados, como o vôlei de praia, voleibol, futevôlei e o funcional.
Esporte como incentivador da educação e da sociabilidade - O vereador Chico Estrella (PTC) iniciou o discurso falando da satisfação em participar de uma audiência que discuta questões relacionadas ao esporte em Vitória da Conquista. De acordo com Chico, infelizmente o vôlei não é tão amplamente divulgado na mídia por uma questão cultural. “Sabemos que no Brasil existe a cultura do futebol, a população conhece de fato mais o futebol do que o vôlei, mas isso não significa que o voleibol seja um esporte menos importante. Eu digo que até a emoção de uma partida de vôlei supera o de um jogo de futebol”, disse. Ele destacou a questão dos salários dos atletas de vôlei na perspectiva da falta de patrocínio e investimento. ”Nós devemos entender que a valorização do esportista se dá pela questão dos patrocinadores”, afirmou. Por último, o vereador falou da importância em se apresentar o esporte às crianças como incentivador da educação e da sociabilidade. “Se você apresentar a bola, a criança vai se desenvolver a partir do incentivo. Quando eu era criança, costumava disputar os jogos estudantis e me tornei um atleta. Eu não consigo entender o porquê da não valorização do esporte, dada a sua grande importância principalmente para as nossas crianças. Que possamos ter capacidade de apresentar às nossas crianças a bola, o quimono, a raquete, antes que os traficantes apresentem as drogas”, finalizou.
O desafio em atender todas as modalidades esportivas - Representando o Governo Municipal, o coordenador de esportes de Vitória da Conquista, Luciano Pina, falou dos desafios em atender todas as modalidades esportivas. Ele destacou as ações ligadas ao esporte oferecidas a toda população. “Nós temos hoje 100 jovens fazendo voleibol no Estádio Edvaldo Flores, 700 crianças e adolescentes praticando capoeira, jiu-jitsu, karatê e futebol”, informou. Nesse contexto, ressaltou a procura pelo futebol e lamentou o custo elevado de outras modalidades esportivas. “Mesmo assim, estamos tentando ampliar nossa cobertura para outras modalidades, atendendo a um pedido da prefeita Sheila Lemos. Um exemplo disso é o trabalho que temos feito com o voleibol”, afirmou. Luciano destacou ainda o planejamento de ações conjuntas com outras secretarias na realização de eventos esportivos nos bairros da cidade.
Pina defendeu a presença de instrutores nas quadras do município e manutenção adequada desses espaços, atrelando esses avanços à criação da Secretaria Municipal de Esportes. Por fim, sugeriu a formação de uma comissão com àqueles que participaram do debate, para se reunir com a prefeita e pontuar as demandas discutidas neste encontro.
Vôlei enquanto esperança para crianças carentes - O professor José Jackson Reis iniciou a fala homenageando a professora Ivone Novaes e falando que a educação, o esporte e a cultura podem e devem caminhar de forma indissociável. Ele também pautou as relações entre o esporte, a educação formal e a sobrevivência. Durante o discurso, ainda questionou os presentes sobre as alternativas para que pessoas adultas, idosos, crianças e pobres possam praticar o vôlei.
Reis também narrou o seu processo de ingresso no mundo do voleibol e da educação. E apresentou esse esporte como um lugar para ampliar o espírito de sociabilidade, de encontro das diferenças, quebrador de preconceitos e esperança para crianças carentes.