Câmara reúne autoridades religiosas e educacionais para discutir a Campanha da Fraternidade

O padre falou sobre o papel da igreja católica como serva da sociedade e ressaltou que o texto base para a Campanha da Fraternidade diz respeito à educação como instrumento de diálogo e traz três principais características

Na noite desta quarta-feira, 23, a Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) realizou uma Sessão Especial da Campanha da Fraternidade 2022, com a temática “Fraternidade e Educação”, baseada no lema bíblico, extraído de Provérbios 31, 26: “Fala com sabedoria, ensina com amor”. Na oportunidade, o Poder Legislativo reuniu parlamentares, autoridades religiosas e direção de unidades escolares para discutir a temática com pluralidade.

Atenção à educação e valorização dos profissionais – O presidente da Casa, vereador Luís Carlos Dudé (MDB) defendeu maior atenção para a educação e a valorização dos profissionais da educação. “A educação só vai melhorar quando nosso governante darem à educação a atenção que ela merece. Nós precisamos, e muito, avançar mais, precisamos de valorização aos profissionais, este é o grito da educação”, apontou o parlamentar. “Professor tem que ser respeitado”, completou.

Ainda em seu pronunciamento, Dudé defendeu que a Igreja estabeleça uma pastoral permanente voltada para a educação. “É necessário que tenhamos uma pastoral educacional”, sugeriu o presidente.

Educação como um ato de amor – O diretor pedagógico do Colégio Nossa Senhora de Fátima Sacramentinas, Thiago Rebouças, apontou que a educação é um ato de amor. “A educação precisa ser compreendida em sua integralidade. Para além dos conteúdos, dos conhecimentos científicos, muito importantes para o desenvolvimento da sociedade. Precisa ser compreendida inicialmente com o um ato de amor”, apontou. “O fundamento de toda educação é o amor pelo próximo, pela pessoa humana, nunca perdendo de vista o bem comum, a fim de proporcionar uma educação libertadora”, salientou.

Educar é recuperar valores – O Major Pontes participou da Sessão Especial representando o diretor do Colégio da Polícia Militar, Coronel Selmo. Ele destacou a importância dessa discussão, proposta pela Igreja Católica Apostólica Romana, e parabenizou a Câmara Municipal por essa iniciativa. “Vamos nos unir para recuperar esses valores que estão sendo perdidos”, declarou.

Educação tem papel fundamental no cenário pós-pandemia – Em sua fala, o Tenente Coronel Souza Lima, representante o Coronel Ivanildo, explanou sobre o tema da Campanha da Fraternidade  “Fraternidade e Educação” com a perspectiva do atual cenário brasileiro pós-pandemia; “Nós estamos vindo de dois anos difíceis para a educação devido à pandemia da Covid-19, em que o esforço na área da educação foi ainda maior, tivemos as aulas remotas que de forma geral não é a mesma coisa da educação presencial”, disse. Ele destacou ainda o papel da Polícia Militar na composição da valorização da educação; “nós, através do CPRS, estamos à disposição o que diz respeito ao incentivo à educação no município de Vitória da Conquista”, finalizou.

Promover o diálogo através da educação – A professora Ione Rocha Cabral lembrou que a campanha da fraternidade deste ano traz questões importantes no que diz respeito à educação. “Nos propõe um diálogo da educação com a realidade”, falou, lembrando dos milhares de jovens que ficaram privados de educação durante os quase dois anos de pandemia e lembrou que é preciso se discutir os desafios contemporâneos da educação que é a troca ensino aprendizado. Ione citou, ainda, que a educação é a busca pelo conhecimento para a transformação humana.

Valorização dos professores – O vereador soteropolitano Joceval Rodrigues (Cidadania) defendeu que as condições de trabalho dos professores tenham posicionamento central nas discussões que envolvam a educação. “Precisamos, toda vez que falarmos de educação, falar da condição de trabalho dos nossos professores é fundamental que eles sejam prioridade em nossa discussão. Isso é muito importante”, disse ele. 

Desafio de alfabetizar jovens e adultos em Conquista – Destacando a temática da educação, o pároco da Igreja Santa Dulce dos Pobres, Padre Zenilton (Monjinho), ressaltou os desafios que norteiam a educação fraterna e solidária. “Trazer a temática da educação para o centro do debate é convidar para uma reflexão sobre as políticas públicas que contemplem as comunidades mais carentes”, enfatizou. O padre, que também é educador, lamentou o alto número de jovens e adultos que ainda não foram alfabetizados em Vitória da Conquista. “Temos visto isso no bairro Boa Vista- Vila América. Estamos nos empenhando para alcançar essas pessoas no processo de alfabetização. Fomos chamados a unir forças e empenhar no caminho de educação integral que valorize cada um e cada uma”, afirmou.

Educar para o belo, para o bom e para o verdadeiro – Ao iniciar a fala, o coordenador da Pastoral Arquidiocesano, o Padre Wanderson destacou o seu respeito aos profissionais que trabalham nos bastidores da educação escolar, como as merendeiras e cozinheiras. O padre falou sobre o papel da igreja católica como serva da sociedade e ressaltou que o texto base para a Campanha da Fraternidade diz respeito à educação como instrumento de diálogo e traz três principais características: “Educar para o belo, para o bom e para o verdadeiro. Num mundo que comunica pouco e informa demais, a igreja católica se propõe a um diálogo constante entre os envolvidos na educação”, disse. O religioso ainda explanou sobre a educação no âmbito de Vitória da Conquista; “Nosso município é um polo educacional e o que nós precisamos é colocar a educação como prioridade, num processo que envolva alunos, professores e toda nossa sociedade”, finalizou.

Falar com sabedoria, ensinar com amor – Monsenhor Gerson (Vigário Geral da Arquidiocese) iniciou lembrando que é preciso recuperar a capacidade de ouvir os outros, “essa é uma atitude que precisa ser resgatada”. Lembrou que cada etapa da vida habita uma sabedoria, “como diz a campanha deste ano” e levantou alguns questionamentos: “Devemos nos perguntar como José educou Jesus, como os pais devem educar seus filhos? Eu sou capaz de me doar plenamente pelo bem da minha família?” Para ele, é preciso recuperar os valores da família, “onde se recuperam os valores da vida”. Monsenhor Gerson questionou ainda se as crianças estão sendo educadas sem Deus, longe dos valores da fé, da ética, da justiça e da fraternidade. Por fim, ele demonstrou uma preocupação institucional, lembrando que  “educar é iniciar processos” e relatou parte do texto-base da campanha da fraternidade 2022, pedindo reflexão de todos.

Educar é transcendente – O secretário municipal de Educação, Edgard Larry, defendeu a ideia de que a sociedade compreenda a dimensão da educação, enquanto ato transcendente. “Educar é um ato eminentemente humano. É importante para todos nós, enquanto membros da nossa sociedade compreendermos que educar transcende o ato humano, material, e chega ao plano de ser verdadeiramente uma ação divina”, avaliou. “Precisamos, diuturnamente, repensar a educação, buscar o humanismo. Isso se faz com amor, carinho, acolhimento, com compromisso”, complementou.

“A campanha quer promover diálogos a partir da realidade da educação no Brasil” – O arcebispo metropolitano de Vitória da Conquista, Dom Josafá Menezes, destacou a importância de realizar a Campanha da Fraternidade de forma integrada com toda sociedade civil. Nesse sentido, parabenizou a Câmara Municipal pela iniciativa dessa Sessão Especial. “Essa casa cumpre sua missão, abrigando a educação como um tema tão vigente”, afirmou. Ele lembrou que desde 1964, a igreja no Brasil realiza a campanha da Fraternidade com o objetivo de despertar a solidariedade de toda população. “A campanha quer promover diálogos a partir da realidade da educação no Brasil”, afirmou o arcebispo. 

Dom Josafá destacou ainda que uma educação de qualidade requer um compromisso de todos na construção desse bem comum. Afirmou também que a educação integral não pode ser concebida numa totalidade temporal, mas deve envolver o homem todo em toda sua dimensão. Outro aspecto abordado pelo arcebispo foi o impacto da pandemia da Covid-19 sobre a educação. Ele encerrou seu pronunciamento ressaltando as rodas de conversas na Zona Rural de Vitória da Conquista e fazendo questionamentos sobre as políticas públicas de educação no Brasil.

A Campanha da Fraternidade – Realizada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Campanha da Fraternidade começou na Quarta Feira de Cinzas, 2, e segue até a Páscoa. Essa campanha é realizada por 40 dias, no período conhecido como quaresmal. De acordo com a CNBB, essa é a terceira vez que a Igreja no Brasil vai aprofundar o tema da educação em uma Campanha da Fraternidade. Desta vez, a reflexão será impulsionada pelo Pacto Educativo Global, convocado pelo Papa Francisco.

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