90 anos do voto feminino: conheça a trajetória das mulheres no Legislativo conquistense
As mulheres representam 53% do eleitorado brasileiro. Em Vitória da Conquista, elas são 54% do eleitorado
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De acordo com a Justiça Eleitoral, mais de 77 milhões de brasileiras devem votar nas eleições deste ano. Atualmente, além de votar, mulheres ocupam funções políticas tanto no Legislativo como no Executivo. Brasil afora, temos mulheres vereadoras, prefeitas, deputadas, governadoras. Mas nem sempre as brasileiras tiveram o direito ao voto. Instituído no Brasil há 90 anos, em 24 de fevereiro de 1932, o voto feminino é considerado um marco fundamental na luta das mulheres por igualdade de direitos.
As mulheres representam 53% do eleitorado brasileiro. Em Vitória da Conquista, elas são 54% do eleitorado. Na Câmara de Vereadores conquistense, as mulheres possuem apenas 9,5% de representação. São apenas duas vereadoras nessa legislatura – Lúcia Rocha (MDB) e Viviane Sampaio (PT). Desde que o voto feminino foi estabelecido, a Câmara de Conquista já teve nove vereadoras: Dona Zaza, Ilza Viana Matos, Helita Figueira, Lúcia Rocha, Irma Lemos, Carmen Lúcia, Lygia Matos, Nildma Ribeiro e Viviane Sampaio.

A liderança feminina se estendia aos demais setores da vida social da cidade, da política às festividades. Em 1958, contando 65 anos de idade, participou ativamente da campanha de José Pedral, candidato a prefeito. Ajudou ainda a eleger figuras como Gerson Sales, Antonino Pedreira, Jadiel Matos e Raul Ferraz. Dona Zaza faleceu no dia 25 de agosto de 1985.

Foi eleita pela primeira vez em 1972, assumindo a legislatura de 1973 a 1976, na gestão do então prefeito Jadiel Matos. Foi a primeira mulher a ser presidente da Câmara. Política atuante, foi reeleita por mais duas vezes, atuando como parlamentar até 1988.


Sua vida política é marcada pela luta em defesa dos direitos da mulher e da população mais carente, especialmente da Zona Rural. Apresentou diversos projetos de lei e indicações nas áreas de saúde, educação e infraestrutura.

Em 2016, Irma se lança a um novo desafio – candidata-se a vice-prefeita do município, sendo eleita com o candidato Herzem Gusmão para administrar a cidade. Em 2020, apoia Herzem na reeleição que teve como vice, Sheila Lemos, filha de Irma. Em 2021, com a morte de Herzem em decorrência da Covid-19, Sheila assume a prefeitura. Num momento histórico para a cidade, Irma passa a faixa de prefeita à filha.

Nos anos 1990, elegeu-se suplente de vereador, chegando a assumir o cargo por várias vezes. Por meio de um mandado, garantiu o exercício da vereança por sete meses e, numa outra eleição, ficou novamente na suplência. Familiares e amigos ressaltam ainda sua atuação filantrópica, tendo se destacado ao ajudar inúmeras famílias carentes. Carmen morreu em abril de 1998, aos 48 anos, em decorrência de um câncer, contra o qual lutou por dois anos. Sua contribuição e luta, sobretudo pela saúde pública e de qualidade, são lembradas até hoje, especialmente pelas camadas menos favorecidas.

Servidora pública, foi ainda coordenadora do serviço de enfermagem do Hospital Crescêncio Silveira, de Vigilância à Saúde, do Centro DST/AIDS e da Coordenação Municipal de Saúde Mental. Também ocupou um cargo, historicamente exercido por homens e médicos, o de Secretária de Saúde. Lygia elaborou projetos como o do Centro de Referência em DST/AIDS, casas de parto na Zona Rural, os Conselhos Locais de Saúde e o Programa de Agentes Comunitários e ainda representou o Brasil na NASTAD – National Aliance Territorial.
Na Câmara, foi autora de importantes leis, como a que cria “a Câmara Mirim”, a que “obriga a distribuição gratuita de preservativos em motéis e congêneres”, além de propor a criação da Comissão de Defesa da Mulher. Compôs ainda a Mesa Diretora da Casa e as comissões da Casa.

Na diretoria da União de Mulheres, atuou na defesa dos direitos das mulheres vítimas de violência, contra o machismo e outras formas de opressão, lutando por um maior protagonismo das mulheres na política. Atuou ainda em importantes projetos e programas como: Programa Nossa Sopa de combate à fome e à desnutrição em Conquista; Todas as Letras, Todos pela Alfabetização (TOPA); Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), Educação de Jovens e Adultos (EJA) etc. Além de defender as bandeiras: Grito da Terra Brasil e Bahia, Marcha das Margaridas, Marcha das Centrais Sindicais etc.

Entre os seus projetos de mandatos, está a busca por novas conquistas para as áreas da saúde, educação, social e fortalecimento da mulher na sociedade. Na realização de um mandato participativo que reflete a real necessidade da população de Vitória da Conquista, atua de modo aberto debatendo as questões de gênero.